Alguns livros ultrapassam fronteiras, idiomas e décadas, se transformam em parte da memória coletiva, moldam gerações de leitores e influenciam a maneira como o mundo lê, pensa e sente. Mudam os contextos, as tecnologias e as formas de leitura, mas certas histórias continuam encontrando seu público, seja nas estantes, nos clubes do livro ou nas redes sociais.

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Ao pensar em livros que ultrapassaram seus tempos e marcam presença até hoje na mente e no coração dos leitores está Orgulho e Preconceito, escrito por Jane Austen. Publicado em 1813, o livro é um dos romances mais influentes e amados da literatura mundial e continua encantando e inspirando leitores mais de dois séculos depois.

No Brasil, entre os clássicos mais lembrados está O Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos. Publicado em 1968, o romance sobre a infância difícil de Zezé emociona leitores há mais de cinco décadas e permanece como uma leitura obrigatória nas escolas. Outro título com destaque por ultrapassar gerações é Capitães da Areia, de Jorge Amado.

Em meio às transformações do pós-guerra, entre 1950 e 1960, títulos como O Apanhador no Campo de Centeio, de J.D. Salinger, e O Senhor das Moscas, de William Golding, refletiram o desencanto juvenil e os dilemas morais de uma nova era.

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Quando a leitura começou a se expandir para o público jovem, nomes como Monteiro Lobato e sua Turma do Sítio do Picapau Amarelo marcaram adolescentes das décadas de 1970 e 1980 e seguiram marcando a vida de crianças e jovens até a atualidade. Ao mesmo tempo, os romances estrangeiros ganhavam espaço, como O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry.

Na mesma prateleira de memórias, O Tempo e o Vento, de Erico Verissimo, ajudou a moldar a identidade literária do Sul do país, enquanto Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, reinventou a linguagem e colocou o sertão mineiro no centro da literatura.

Paralelamente, o realismo mágico latino-americano levou ao mundo obras como Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez. Nas décadas seguintes, novas vozes também conquistaram gerações. A Hora da Estrela, de Clarice Lispector, segue inspirando leituras e adaptações.

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Já os anos 1990 e 2000 marcaram a ascensão dos fenômenos editoriais globais. Jovens brasileiros descobriram o prazer da leitura com Harry Potter, de J.K. Rowling, e O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien, enquanto O Código Da Vinci, de Dan Brown, transformou o suspense em sucesso de massa. No Brasil, autores como Paulo Coelho conquistaram o mundo com O Alquimista, e A Marca de uma Lágrima, de Pedro Bandeira, virou um clássico da adolescência.

Na geração millennial e Z, novas narrativas e formatos dominaram as listas de leitura. Embalados pelo sucesso global de Harry Potter, Crepúsculo, de Stephenie Meyer, Jogos Vorazes, de Suzanne Collins, e Divergente, de Veronica Roth marcaram adolescentes que cresceram entre redes sociais e adaptações cinematográficas. A Culpa é das Estrelas, de John Green, também fez sucesso entre os adolescentes dos anos 2010.

Ao mesmo tempo, o interesse pela literatura brasileira se renovou com nomes como Itamar Vieira Junior, Conceição Evaristo, Aline Bei e Jeferson Tenório que dialogam com temas de identidade, ancestralidade e diversidade.

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Hoje, em meio a clubes de leitura online e desafios literários no TikTok, o ciclo continua. Clássicos retornam às listas de mais vendidos e convivem com novos sucessos como Babel, de R.F. Kuang, e A Biblioteca da Meia-Noite, de Matt Haig.