Pedro Bial falou sobre o processo de morte da própria mãe, em entrevista ao O Globo, ao comentar sobre seu novo livro Isabel do vôlei da vida: a onda mais alta de Ipanema. O jornalista contou detalhes sobre a despedida da psicanalista Susanne Bial.
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Durante a entrevista, o jornalista revelou que a mãe “pediu ajuda para morrer”, porque ela não tinha mais prazer nenhum. Segundo Bial, a mãe adorava ler e já não conseguia mais, vivendo apenas “indignidades da decrepitude”.
— Ficar sendo mantida viva… A gente pensou em fazer um suicídio assistido na Suíça. Por um motivo ou outro isso não se deu. Fomos cuidar dos paliativos, que é o jeito de deixar uma pessoa morrer dignamente. Ela era uma fortaleza. Nos paliativos, teve uma pneumonia. Pensamos: “Não vamos dar antibiótico, nada. Se for a pneumonia, vai levar”. Ficou boa. Falei para ela: “Você só batendo a tiros” — disse Pedro Bial.
Ele ainda contou que o episódio o levou a ter uma clareza sobre a vida. De acordo com o jornalista, com os recursos que a medicina contemporânea nos dá e da promessa de uma vida estendida, ele passou a se questionar: “Como a gente quer morrer?”.
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— Não é mais algo abstrato. Quero viver muito tempo, mas como? Chega uma hora que é muito indigno ser mantido vivo e já não ter prazer nenhum. E claro que mesmo com um desejo de ir embora, dá um medo danado. Mesmo que não seja o medo da morte, como diz o (Gilberto) Gil, o medo de morrer. Porque morrer ainda é aqui.
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*Sob supervisão de Pablo Brito

