Os ex-policiais rodoviários federais William Noia, Kleber Freitas e Paulo Rodolpho foram condenados, neste sábado (7), de 23 a 28 anos de prisão pela morte de Genivaldo Santos. O homem morreu asfixiado após ter sido trancado no porta-malas da viatura e ser submetido à inalação de gás lacrimogêneo, em maio de 2022, em Sergipe. Com informações do g1.
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Os ex-PRFs estão presos desde 14 de outubro de 2022 e foram demitidos da Polícia Rodoviária Federal (PRF) após determinação do Ministro da Justiça em agosto de 2023.
O julgamento durou 12 dias e incluiu uma vistoria na viatura em que Genivaldo foi colocado. Por mais de 100 horas, o júri, composto por quatro homens e três mulheres, ouviu 28 testemunhas, incluindo familiares da vítima, peritos e especialistas.
As defesas dos envolvidos não se manifestaram até a publicação da reportagem.
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Entenda a condenação da Justiça
O trio era acusado por tortura e homicídio triplamente qualificado. Contudo, o júri popular desclassificou o crime de homicídio doloso para os réus William Noia e Kleber Freitas, que passaram a responder por tortura seguida de morte e homicídio culposo — quando não há intenção de matar.
Os dois foram sentenciados diretamente pelo juiz federal Rafael Soares Souza, da 7ª Vara Federal em Sergipe. Já Paulo Rodolpho, foi sentenciado pelo Júri Popular que o absolveu pelo crime de tortura e o condenou pelo homicídio triplamente qualificado.
Veja a condenação de cada um:
- William Noia, que abordou Genivaldo desde o início da ocorrência e segurou a porta da viatura após a bomba de gás lacrimogêneo ter sido jogada no porta-malas, recebeu pena de 23 anos, um mês e 9 dias;
- Kleber Freitas, que fez, por cinco vezes, uso de spray de pimenta contra Genivaldo, recebeu pena de 23 anos, um mês e 9 dias;
- Paulo Rodolpho, que chegou após a abordagem já iniciada, jogou a bomba e segurou a porta, recebeu pena de 28 anos.
A irmã de Genivaldo, Laura de Jesus Santos, falou que, apesar da condenação, o sentimento da família não é de felicidade.
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— Foi um resultado satisfatório, embora a gente não fique feliz com a desgraça de ninguém. Acalma, mas felicidade não traz — disse
Relembre o o caso
Genivaldo, que tinha esquizofrenia, foi parado por estar pilotando uma motocicleta sem capacete no final da manhã do dia 25 de maio de 2022. Segundo a perícia, feita pela Polícia Federal durante as investigações, a vítima passou 11 minutos e 27 segundos em meio a gases tóxicos, dentro de um lugar minúsculo e sem poder sair da viatura estacionada. De acordo com alegação dos réus, ele teria resistindo à abordagem.
Nas imagens, gravadas por testemunhas, a perícia observou que o policial William de Barros Noia aparece pedindo para que Genivaldo coloque as mãos na cabeça. Ele obedece, mas, mesmo assim, recebe um jato de spray de pimenta no rosto.
O policial Kleber Nascimento Freitas, segundo os peritos, jogou spray de pimenta pelo menos cinco vezes em Genivaldo, que alegou que não estava fazendo nada. A ação continuou no chão, quando policiais pressionaram o pescoço e o peito do homem com os joelhos.
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Após o homem ser colocado no porta-malas da viatura, o policial Paulo Rodolpho Lima Nascimento jogou uma granada de gás lacrimogêneo no compartimento. Paulo Rodolpho e William seguraram a porta, impedindo que a fumaça se dissipasse mais rapidamente. A investigação constatou que os gases causaram um colapso nos pulmões.
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