O atacante Caio Mota chegou a ser considerado uma promessa do Santos, porém após três graves lesões ficou fora dos campos por um tempo. A chance de volta do jogador ao futebol foi pela Série B do Campeonato Catarinense, em que marcou seu primeiro gol profissional, aos 24 anos.

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Confira imagens de Caio Mota no futebol

Caio começou a dar os primeiros dribles há mais de duas décadas, nas quadras da categoria de base sub-9 do São Paulo Futsal. Na época, o protagonismo era dividido com quem viria a se tornar um grande astro do futebol mundial: Rodrygo, do Real Madrid.

Retorno aos gramados e primeiro gol profissional de Caio

A equipe que demonstrou interesse no jogador foi o Blumenau Esporte Clube, que através do departamento de scout encontrou Caio. O atacante ficou se preparando por 10 meses, quando finalmente se recuperou e recebeu a proposta de atuar na Série B do Catarinense.

Caio levou algumas semanas para se mudar à Santa Catarina, onde fica distante do filho e dos pais. Antes de jogar, ficou no banco de reserva por três jogos e sua primeira partida durou 23 minutos, na goleada por 6 a 0 sobre o Porto União.

Seu retorno foi na 7ª e última rodada da 1ª fase do Catarinense, com uma atuação decisiva. Caio entrou aos 23 do 2º tempo, fez uma assistência e o primeiro gol da carreira profissional, o qual garantiu a classificação do time na 1ª colocação da tabela.

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— Eu nem dormi no dia antes do jogo, pensando nisso. Desde o momento da minha cirurgia eu já pensava na minha volta e sonhava com meu primeiro gol. Eu trabalhei meu mental para aquele momento. Foi uma sensação inexplicável. Rodou um filme na minha cabeça, em questão de segundos, de tudo que passei — relembra.

Conheça a história do atacante

A qualidade de Caio foi o diferencial que o fez largar o futsal no São Paulo, para atuar nos gramados. A primeira experiência foi no Palmeiras, grande clube paulista que fez parte de sua história. Permaneceu no time por dois anos, até ir ao Audax.

— Na época de Audax fiz muitos gols no paulista e fui fundamental para a equipe. Foi onde veio proposta do Santos, Athletico e Atlético Mineiro — conta em entrevista ao ge.

Saindo do Audax, o atleta escolheu o Santos e, mais uma vez, a disputa interna foi grande. Na ocasião, Caio Mota dividia o vestiário com Yuri Alberto, Kaio Jorge e Marcos Leonardo, que viriam a se tornar grandes amigos. Mas a estrela de Caio ainda brilhava forte e o destacava dentro das quatro linhas.

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— Fui disputar um mundial com o Santos, na China, e fiz muitos gols, sendo artilheiro do campeonato e vice-campeão. Ganhamos do Wolverhampton na semifinal por 4 a 0, comigo anotando três gols. Surgiu interesse do Wolverhampton, Benfica e Porto. Tivemos reuniões, meu contrato estava terminando no Santos e não entramos em acordo da renovação — relembra.

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Com o fim do contrato com o Santos, surgiu a oportunidade de participar do projeto esportivo do Cuiabá, recém promovido para a Série A. Porém, as lesões começaram e impediram o jogador de avançar mais.

— Cheguei na segunda-feira, estreei no estadual em Mato Grosso e no primeiro treino de domingo eu tive minha lesão, quebrei o pé no treino. Fiz minha primeira cirurgia, no quinto metatarso. Passei uns cinco a seis meses de recuperação, voltei no segundo semestre e joguei a Copa Verde e Sub-23 do Brasileiro — conta o atacante.

Sequência de lesões de Caio Mota

Apesar do contrato com o Dourado durar mais dois anos, a lesão prejudicou a atuação de Caio no elenco profissional. Então, surgiu uma proposta de empréstimo do Botafogo-SP, para a disputa do Paulistão, Copa do Brasil e Série C do Campeonato Brasileiro. A expectativa era grande, mas o atacante voltou ao departamento médico.

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— Foi um início de ano muito bom, porque eu já tinha me recuperado e me sentia bem. Eu tive minha segunda lesão de novo em treino, uma fatalidade, quebrei o tornozelo e mais uns quatro a cinco meses de recuperação no pós-cirúrgico. Eu voltei no final de ano, em fevereiro, sai por término de contrato. Em seguida eu tive uma passagem pela Ponte Preta, mas nem joguei porque ainda estava me recuperando — relembra.

Uma nova chance de provar seu talento surgiu, para disputar o Campeonato Paulista A2 pelo Oeste. Pela terceira vez, o sonho de estreia acabou em frustação.

— Me apresentei em novembro para a preparação do A2. Foi onde tive esse acidente com o joelho e foi a mais grave. Eu operei e fiquei um ano e três meses parado. Eu lembro com detalhes do dia que me machuquei, liguei pro meu pai e falei “aconteceu de novo” — conta.

Recuperação e trabalho secundário

Com o apoio dos pais e do empresário, Caio voltar a morar com a família e iniciar seu retorno aos campos. A luta pessoal contou com acompanhamento com personal trainer, academia e fisioterapia de segunda a sábado.

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Porém, o tratamento era em São Caetano, cerca de 40 quilômetros de distância da sua casa e caio precisou arrumar um emprego para receber uma renda que conciliasse com sua recuperação.

— Eu me cadastrei em uma plataforma de motorista por aplicativo para pelo menos na ida e volta conseguir custear a gasolina. Eu saia de casa três horas antes e fazia o trajeto todo aceitando passageiros. Quando eu tinha um tempo livre durante a noite eu também trabalhava — relembra o atacante.

Durante esse momento de melhora, mas tristeza pela terceira lesão, o jogador foi presenteado com o nascimento do seu filho, Lucca. E recuperado, outro presente foi a proposta do Blumenau.

— Eu sou muito feliz com tudo que vivi, independentemente das lesões. Eu sinto que só retardou um pouco o processo, não vai deixar de acontecer. Todos nós temos um tempo, propósito e processo diferente. Só tenho a agradecer a Deus pelo que estou vivendo — conclui.

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