Estimativas revelaram que cerca de 11.600 pessoas vivem com HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) em Florianópolis, sendo que entre 5% e 10% ainda não receberam o diagnóstico. Os dados, divulgados pela Prefeitura de Florianópolis, mostram, no entanto, que a taxa de incidência — a frequência de novos casos — caiu nos últimos anos.

Continua depois da publicidade

Florianópolis registrou, em 2020, 1.077 novos diagnósticos, enquanto, até o início de dezembro de 2025, são 459, conforme o Governo de Santa Catarina.

Os dados da Prefeitura mostram que a cidade mantém alta taxa de adesão ao tratamento. Até outubro deste ano, 85,5% das pessoas diagnosticadas na cidade vivem com HIV em tratamento regular e, de 90% a 96% desses pacientes, apresentam carga viral controlada, ou seja, não adoeceram e nem estão transmitindo o vírus, alcançando o conceito de indetectável.

“Quando dizemos que a taxa caiu, significa que a velocidade de surgimento de novos casos diminuiu em relação à população, mesmo que o número total de pessoas vivendo com HIV, o acumulado histórico, continue aumentando, já que elas estão vivendo mais e com saúde”, explicou a administração pública em nota.

A prefeitura defende que a queda é resultado da ampliação da testagem e início rápido do tratamento.

Continua depois da publicidade

Serviços e iniciativas de prevenção do HIV oferecidos em Florianópolis

Florianópolis dispõe de uma rede integrada de cuidados, por meio do programa Pare o HIV Floripa, em parceria com o projeto A Hora é Agora.

O trabalho, segundo a administração municipal, segue a lógica da Prevenção Combinada, que reúne diferentes métodos, como preservativos, testagem periódica, PrEP, PEP, tratamento antirretroviral e ações de redução de danos.

Testagem para HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis

A testagem para HIV, sífilis e hepatites B e C é recomendada para todas as pessoas sexualmente ativas, com realização pelo menos uma ou duas vezes ao ano. Os exames estão disponíveis nos Centros de Saúde, com agendamento pelo Alô Saúde Floripa ou diretamente com a equipe de Saúde da Família.

A Capital conta ainda com três Centros de Testagem e Resposta Rápida (CTRr), localizados nas policlínicas do Centro, Continente ou Norte. O atendimento pode ser feito por demanda espontânea ou solicitando agendamento no formulário: bit.ly/agendamentotesterapidoist.

Continua depois da publicidade

Preservativos internos, externos e gel lubrificante

Para combater a queda no uso do preservativo, especialmente entre os jovens, Florianópolis já conta com as duas novas opções de preservativos distribuídos pelo Ministério da Saúde: a extrafina, que proporciona maior sensibilidade e a texturizada, projetada para aumentar o prazer.

Os insumos são distribuídos gratuitamente em todos os Centros de Saúde e demais serviços de saúde da Capital, além das versões feminina e do gel lubrificante.

Autoteste para HIV

Moradores de Florianópolis podem solicitar autotestes de HIV pelo site ahoraeagora.org. A retirada presencial também é possível nas farmácias de Centros de Saúde e Policlínicas, com limite de até cinco unidades por pessoa.

Até outubro de 2025, a distribuição de autotestes cresceu cerca de 52% em relação ao ano anterior, passando de 22.241, em 2024, para 33.777.

Continua depois da publicidade

Tratamento para HIV

O acompanhamento de pessoas vivendo com HIV pode ser feito diretamente nos Centros de Saúde. Os casos de maior complexidade são seguidos pelas equipes das Policlínicas/CTRr, após encaminhamento.

Como diretriz, o município prioriza o início do tratamento no mesmo dia do diagnóstico ou em até sete dias, conforme avaliação clínica. As informações sobre os serviços oferecidos pelos CTRr estão em linktr.ee/ctrrsusfloripa.

Entrega de medicamentos pelos Correios

Uma das iniciativas pioneiras de Florianópolis é a entrega de antirretrovirais pelos Correios, em parceria com o projeto A Hora é Agora. O serviço é sigiloso, gratuito e pode ser solicitado pelo (48) 99177-2669.

Cerca de 2 mil pessoas já utilizaram o sistema e, atualmente, 110 usuários recebem os medicamentos mensalmente por essa modalidade.

Continua depois da publicidade

PEP – Profilaxia Pós-Exposição

A PEP deve ser iniciada em até 72 horas após exposição sexual sem preservativo ou em caso de rompimento. O tratamento dura 28 dias e está disponível nos Centros de Saúde e nas UPAs.

PrEP – Profilaxia Pré-Exposição

Os comprimidos para prevenir o HIV podem ser usados a partir dos 15 anos de idade e o agendamento para início do tratamento é feito via TelePrEP SUS Floripa ou pelo (48) 99608-6606.

Campanha Dezembro Vermelho

Em Florianópolis, a campanha nacional Dezembro Vermelho, voltada à prevenção, cuidado e ao combate ao estigma relacionado ao HIV, Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), teve início na segunda-feira (1º).

Nas três primeiras quintas-feiras de dezembro, sendo dia 4, 11 e 18, o Grupo de Apoio à Prevenção à Aids (GAPA) fará edições do Cine Debate sobre a série “Máscaras de oxigênio não cairão automaticamente”, que retrata o início da epidemia de Aids.

Continua depois da publicidade

Além da exibição dos episódios, em cada encontro haverá roda de conversa sobre tratamento, estigmas, preconceito e cuidado. Os encontros serão às 19h no SapatecoBar, na Rodovia Francisco Magno Vieira, 2832, no Campeche.

Já no dia 8, às 19h, no Bugio Centro, localizado na Rua Victor Meirelles, no Centro Leste, haverá a apresentação de “Criando Pontes: Mulheres, Arte e Interseccionalidade na Luta contra o HIV/AIDS”, da pesquisadora e integrante do Laboratório de Estudos de Gênero e História da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Letícia de Assis.

Serão dois curtas-metragens inspirados em crônicas escritas por ela sobre mulheres reais após três anos de pesquisa para sua tese de doutorado.

Iniciativas voltadas ao diagnóstico recebem reconhecimento

Florianópolis recebeu, nesta quarta-feira (3), o Selo Prata de Boas Práticas Rumo à Eliminação da Transmissão Vertical do HIV e o Selo Bronze para a Sífilis.

Continua depois da publicidade

Na prática, a certificação atesta que o município atingiu indicadores de excelência no pré-natal, assegurando que gestantes vivendo com HIV ou sífilis recebam tratamento adequado, impedindo que o vírus seja transmitido para seus bebês.

Os selos são concedidos para estados e municípios acima de 100 mil habitantes que tenham indicadores próximos à eliminação, segundo critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS).

— Conseguimos zerar a transmissão para os bebês e temos como desafio continuar avançando para controlar a epidemia de HIV. Atualmente, o que afasta as pessoas do diagnóstico e tratamento da doença é o estigma, o preconceito e a desinformação — explica Ronaldo Zonta, médico de família e coordenador do Departamento de Gestão da Clínica da SMS.

Queda nos casos de Aids no Brasil

O Brasil registrou queda de 13% no número de mortes por Aids entre 2023 e 2024, segundo o novo boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde nesta segunda-feira (1º).

Continua depois da publicidade

O número de mortes pela doença foi de 9,1 mil em 2024. Isso significa que, pela primeira vez em três décadas, o número ficou abaixo de 10 mil. Os casos de aids também apresentaram redução entre 2023 e 2024, com queda de 1,5%, passando de 37,5 mil para 36,9 mil no último ano.

“Em 2024, o Brasil contabilizou 68,4 mil pessoas vivendo com HIV ou Aids, mantendo a tendência de estabilidade observada nos últimos anos”, afirma análise do Ministério da Saúde.