A edição do UFC 314, neste sábado, terá presença ‘quase catarinense’ no card principal: Jean Silva, paranaense radicado em Florianópolis, entrará no octógono para enfrentar um dos melhores lutadores da categoria peso-pena. Confira como foi a luta do “Manezinho” clicando AQUI.

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Nascido em Foz do Iguaçu, o lutador de 28 anos chegou a Florianópolis com apenas dois meses de idade e afirma que, apesar de não ter sangue manezinho, seu coração é todo da Ilha da Magia.

— Eu cresci em Canasvieiras. Na época, lembro que, no verão, eu andava muito de ônibus. Aqueles argentinos todos chegando… Minha infância foi conturbada. Fui expulso de três colégios. Mas foi gostosa. Quem não quer estar em Floripa? O mundo inteiro quer ir pra Floripa. É o meu lar, onde eu vou pra descansar. São Paulo é o meu trabalho.

Jean Silva, hoje card principal do UFC, na época em que morava em Florianópolis - (Foto: Redes sociais)
Jean Silva, hoje card principal do UFC, na época em que morava em Florianópolis – (Foto: Redes sociais)

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Conheça os três brasileiros que lutarão no card principal do UFC 314

O adversário de Jean neste sábado é mais conhecido pelas polêmicas do que pelo desempenho nas lutas — embora também ocupe um lugar de destaque na categoria, sendo o 13º do ranking. O norte-americano Bryce Mitchell, de 33 anos, afirmou durante participação em um podcast que Hitler “era um cara legal”.

Ele ainda fez declarações antissemitas e homofóbicas, defendendo o regime nazista que assolou a Europa durante a Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945: “Sabe onde foi a primeira cirurgia transgênero? Aconteceu na Alemanha, antes de Hitler assumir. Sabe os livros que todo mundo faz piada por Hitler ter queimado? Sabe do que se tratava? Livros de gays! Hitler queimou livros de gays. Porque Hitler não queria um monte de gays destruindo sua nação. Eles não conseguem gerar filhos!”, disse em entrevista ao ArkanSanity Podcast.

Bryce chegou a pedir desculpas nas redes sociais, mas não convenceu os fãs do esporte. O presidente do UFC, Dana White, declarou que as falas do lutador lhe causaram repulsa, mas não atendeu aos pedidos da comunidade do MMA para que ele fosse expulso, justificando que quem não gostasse do posicionamento do americano teria a chance de vê-lo enfrentar um verdadeiro nocauteador neste sábado.

Nas coletivas de imprensa, inclusive, Jean apareceu com uma camisa estampada com o filme Bastardos Inglórios, em que os personagens principais caçam soldados nazistas, além de carregar um globo terrestre, ironizando o fato de Bryce ser um terraplanista declarado.

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— O mundo queria ver isso. Mas eu não levo isso no meu coração, não tenho ódio. Como todas as outras pessoas que trabalharam comigo, ele é mais um cara que vai trabalhar para mim. Nesse mês, é o cara que eu mais amo da minha vida. Eu oro, rezo pela vida dele. E espero que todas essas falas dele sejam só para promover a luta. Porque, se isso for verdade, um cara que diz que crê tanto em Jesus e veste uma camiseta com Deus e duas armas apontadas pra cima… é totalmente contraditório. Mas também não julgo ele. Não sei qual foi a cultura em que ele foi criado — disse Jean.

— Ele pode ficar feliz, ele vai lutar com o campeão mundial. Só não tô com o cinturão. Vou defender a queda dele, jogar a mão na cabeça dele. Se ele aguentar, ele vai apanhar três rounds seguidos e vai ser demitido por dano cerebral. Senão, ele vai ser nocauteado no primeiro.

Jean Silva, hoje card principal do UFC, na época em que morava em Florianópolis - (Foto: Redes sociais)
Jean Silva, hoje card principal do UFC, na época em que morava em Florianópolis – (Foto: Redes sociais)

Quem é Jean Silva, lutador de MMA

Com uma trajetória meteórica no MMA, iniciada nos octógonos do Aspera Fighting Championship (AFC) no fim de 2016, Jean acumula números impressionantes: 15 vitórias no cartel, com 11 nocautes, duas vitórias por decisão unânime e duas por finalização — apenas duas derrotas, nunca tendo sido nocauteado na carreira.

O retrospecto o transformou em uma das maiores promessas da organização. Foram necessárias apenas duas vitórias nas lutas preliminares (UFC Fight Night: Ankalaev vs. Walker 2 e UFC 303: Pereira vs. Procházka 2) para chegar ao card principal, onde também superou Drew Dober e o armênio Melsik Baghdasaryan.

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Apesar da legião de fãs que tem conquistado — morando em Miami, onde até fazer compras se tornou difícil sem ser parado para fotos —, Jean confessa que sente falta de reconhecimento dos brasileiros, especialmente de seus conterrâneos de Florianópolis.

— Isso me machuca. Vejo às vezes comentários de caras dizendo que nem manezinho eu sou. E o sonho que tenho de abrir um projeto na Ilha? Falo para a minha mulher: sei que não nasci lá, mas meu coração é todo de lá. Quando falam “Boi de Mamão”, meus olhos se enchem de lágrimas. Eu queria que meu lugar no mundo me apoiasse.

Jean admite que não teve a trajetória clássica de sofrimento para alcançar o sucesso, muito por ter crescido, segundo ele, em “um verdadeiro paraíso”. Ainda assim, não faltou esforço para se tornar um dos nomes mais promissores do MMA.

— Eu trabalhava na obra e sempre treinei, mas não tinha tempo. Ao meio-dia, na hora do almoço, em vez de parar pra comer, eu saía pra correr e treinava à noite. Minha esposa falou pra mim: “Vou pra São Paulo, vou comprar umas camisetas e você tenta vender, pra poder treinar”. Aí eu botava as camisetas na mochila, meu material de treino, e saía por aí tentando vender. Já trabalhei na Trindade, no Norte da Ilha, Sul da Ilha e até mesmo no Continente. E nesse trabalho conheci várias pessoas que me ajudaram, me apoiaram com moradia, já ganhei até uma moto. Alguns me julgam: “Ah, muito confiante!” Como não vou ser? Eu vendia camiseta na rua e olha onde eu tô.

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Jean Silva, hoje card principal do UFC, na época em que morava em Florianópolis - (Foto: Redes sociais)
Jean Silva, hoje card principal do UFC, na época em que morava em Florianópolis – (Foto: Redes sociais)

Card principal e luta valendo cinturão no evento

A luta de Jean Silva está programada para acontecer quatro combates antes da principal da noite, que vale o cinturão da categoria peso-pena entre o australiano Alexander Volkanovski e o brasileiro Diego Lopes, marcada para as 23h (de Brasília). Mas, à luz das provocações recentes entre Jean e Bryce, tanto nas pesagens quanto nas redes sociais, o foco de muitos fãs não estará no evento principal.

— Podem me acompanhar! O pessoal pode se reunir neste sábado, fazer aquele churrasco, porque a parada vai ser insana. Vão ver um moleque brilhando, cheio de amor, cheio de coração e, com toda certeza, levando a bandeira de Santa Catarina e de Floripa no peito! Bora torcer, bora vibrar e quem sabe final do ano o cinturão do UFC não tá aí em Floripa?