Jeffrey Jones marcou os anos 80 e 90 como um dos coadjuvantes mais onipresentes e reconhecíveis de Hollywood. Seu rosto era sinônimo de carisma irônico e de personagens excêntricos, capazes de transformar o banal em algo memorável para milhões de espectadores.

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Ele estava no auge de sua popularidade até 1997, sendo um dos atores mais requisitados pelos grandes estúdios para papéis que exigiam ironia. No entanto, essa trajetória de prestígio, que começou no teatro e se expandiu por mais de 30 filmes no currículo, terminou de forma abrupta no início dos anos 2000.

Um dos escândalos mais devastadores envolvendo um ator de renome rompeu sua imagem discreta e apagou o nome de Jeffrey Jones das listas dos grandes estúdios, encerrando, na prática, sua carreira.

O ator, visto até então como um artista de humor refinado e sem histórico de polêmicas, viu sua vida mudar completamente em questão de horas. O choque das pessoas se ampliou quando as manchetes expuseram a verdade sombria que ele conseguia esconder fora das telas em um período em que a mídia agia de forma diferente.

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O crime que destruiu a reputação

A queda aconteceu em novembro de 2002, quando Jeffrey Jones foi preso em Los Angeles. A imprensa rapidamente noticiou que o motivo era extremamente grave: ele havia solicitado que um menor de idade posasse nu para fotos. Essa notícia, publicada pelo Los Angeles Times, descreveu a cena com precisão e rapidamente causou revolta na população.

A investigação, que havia começado meses antes após a denúncia de um adolescente de 14 anos, culminou no cumprimento de um mandado de busca na residência do ator.

Além disso, policiais do Departamento de Polícia de Los Angeles apreenderam milhares de computadores e negativos fotográficos, rendendo provas de crimes cometidos pelo ator.

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O advogado de Jeffrey Jones tentou amenizar o impacto, defendendo que as fotos encontradas seriam “artísticas” e que “não tinham nenhuma maldade envolvida”. Contudo, em 2003, Jeffrey se declarou no contest, uma declaração jurídica que significa não admitir culpa, mas tampouco contestar as evidências apresentadas pelo Ministério Público.

A condenação e o registro de agressor sexual

O tribunal de Los Angeles condenou o ator a cinco anos de liberdade condicional e também a um ano de terapia obrigatória.

A penalidade mais grave e duradoura imposta ao ator foi, sem dúvida, o registro por tempo indeterminado como agressor sexual. O nome de Jeffrey Jones passou a constar nos registros nacionais de abusadores, um banco de dados públicos.

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Esse registro impõe condições rigorosas, como a exigência de atualizações constantes de localização e a proibição de se aproximar de locais frequentados por menores.

Apenas dois anos depois da sentença inicial, em 2005, Jones foi novamente preso, dessa vez na Flórida. A polícia alegou que ele havia deixado de comunicar sua localização dentro do prazo legal de 48 horas.

Posteriormente, a mesma situação se repetiu em 2010, na Califórnia, quando Jones foi preso outra vez por violar as regras de sua sentença. Neste ponto, a imagem pública do ator já estava completamente destruída: estúdios se recusavam a contratá-lo, e antigos colegas de trabalho expressavam publicamente vergonha e desprezo.

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Banido de Hollywood

Apesar do ostracismo, Jeffrey Jones reapareceu em pequenas produções independentes e manteve um papel na série Deadwood da HBO, em um personagem que ele já interpretava antes da prisão.

Contudo, fontes disseram ao Hollywood Reporter que o canal optou por mantê-lo apenas por razões contratuais, pois as filmagens da primeira temporada já haviam sido concluídas.

Hoje, aos 78 anos, Jones vive isolado, longe das câmeras que o consagraram, em uma área rural da Califórnia. Ele faz apenas raras aparições públicas em convenções que celebram a nostalgia dos anos 80. Em 2024, quando o filme Beetlejuice 2 foi lançado, Jones sequer foi considerado para o retorno.

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Fontes da Warner Bros. afirmaram à People Magazine que a exclusão foi uma decisão moral e contratual relacionada às condenações anteriores.

O caso de Jones, que ocorreu anos antes das quedas de figuras como Kevin Spacey e Harvey Weinstein, demonstrou a gravidade das evidências, mesmo em um sistema que protegia seus crimes. Sua carreira não terá retorno, e seu nome não será recuperado.