O que começou como uma ideia em um áudio de cinco minutos no WhatsApp entre amigas agora se consolida como um dos eventos mais importantes para a literatura feminina no Brasil. O LOBA (Literaturas e Obras de Autoras) Festival anunciou as novidades para sua segunda edição, que promete fechar o calendário literário de 2025 com uma celebração da escrita de mulheres brasileiras.

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O evento acontecerá nos dias 12, 13 e 14 de dezembro no Centro de Inovação e Cultura do Edifício Oswald de Andrade, um espaço histórico e cultural no centro de São Paulo.

O LOBA Festival busca ser um ecossistema de apoio e desenvolvimento para escritoras. A programação incluirá painéis, palestras, rodas de conversa e um espaço dedicado à venda de livros de autoras independentes.

Idealizado por Mandi Castro, Mari Gauer e Milena Silveira, o projeto nasceu da vontade de criar mais espaço para autoras mulheres no mercado editorial. —  Por mais que em muitos lugares as mulheres sejam as maiores leitoras, por muitas vezes o que vêmos são plataformas grandes divulgando obras de homens — explica Milena, cofundadora do LOBA, sobre a motivação inicial.

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Milena garante que o público encontrará três sentimentos no evento: acolhimento, inspiração e felicidade.

— Todos vão ser recebidos com um sorriso no rosto. Vamos ter um espaço de contato com autoras e pessoas apaixonadas pela literatura. Se você só gosta de ler, vai ter palestras, oficinas e ações para isso. Se gosta de escrever, mas nunca publicou e quer se inspirar, é um espaço de inspiração para conhecer outras mulheres que também já estiveram nesse lugar e que conseguiram. As palavras vão ressoar em você de alguma forma —  convida a cofundadora.

Durante o Festival será realizada a segunda edição do Prêmio LOBA. Para este ano, o crescimento do prêmio foi exponencial. O prêmio recebeu 1.283 obras inscritas, um aumento de mais de 100% em relação às 624 participantes da edição anterior.

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— O aumento das inscritas no prêmio LOBA nos demonstra uma demanda de mercado em relação a exposição das autoras e distribuição de suas obras — Mandi Castro, co-fundadora e Presidente do LOBA Festival.

As categorias do prêmio também se expandiram para atender às demandas da comunidade de escritoras. A segunda edição conta com 18 categorias, incluindo novidades como Literatura de Cordel, História em Quadrinho, Poesia Individual e Conto Individual. A divisão entre obras publicadas e não publicadas, implementada após um feedback do mercado, foi mantida para garantir uma competição mais justa.

Realizado com apoio do Governo Federal via Política Nacional Aldir Blanc e do Governo do Estado de São Paulo através do ProAC e Fomento CULTSP, o projeto também oferece suporte contínuo para sua comunidade, promovendo oficinas de escrita criativa e sessões de feedback para as obras inscritas.

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Como nasceu o LOBA

A ideia do LOBA surgiu em 2023, quando Mandi enviou às amigas Mari Galer e Milena Silveira um áudio de cinco minutos. Nele, defendia a criação de um prêmio literário que desse visibilidade à produção de autoras, já que, apesar de mulheres representarem a maioria das leitoras no Brasil, ainda encontram barreiras para ocupar espaços no mercado editorial.

— Na época, não tínhamos dimensão de onde isso iria chegar. Hoje é muito gratificante ver que conseguimos construir o projeto, essa comunidade, e observar autoras que nunca tinham publicado, publicando e afirmando o quanto participar do prêmio foi importante para elas entenderem que as próprias obra tem valor — destaca Milena.

O nome LOBA também guarda simbolismo. Inicialmente, pensou-se em referências da mitologia grega para dar nome ao projeto, mas após considerarem outras opções, as fundadoras buscaram um símbolo da fauna brasileira que representasse a força e o instinto feminino. Chegaram ao lobo-guará, que, segundo Milena, remete — à conexão da mulher com os seus instintos, com a questão de alcateia, de um grupo de mulheres que juntas têm mais força — . O nome também funciona como um acrônimo para Literaturas e Obras de Autoras.

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Nesta edição, a força da “alcateia” ganhou reforços de peso. Uma parceria com a Editora Urutau garantirá a publicação de uma obra inédita selecionada entre as finalistas das categorias “não publicadas”. — Nossa parceria com a Editora Urutau reforça esse movimento, viabilizando a publicação de uma obra inédita — destaca Mandi Castro.

Além da parceria com a Urutau, o festival segue aberto a colaborações com editoras, coletivos e marcas que compartilhem do propósito de valorizar escritoras.

Outro objetivo das fundadoras é ampliar o público. Se a base de mulheres já se mostrou sólida, o desafio agora é trazer mais leitores homens. — Nosso clube de leitura ainda não conseguiu atrair nenhum homem. Queremos reforçar que esse não é um espaço só para mulheres, mas para todas as pessoas leitoras. A literatura escrita por autoras brasileiras precisa ser lida por todos — defende Milena.

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A programação detalhada será divulgada nas próximas semanas, mas já se sabe que o festival terá também um evento pocket em novembro, funcionando como “esquenta” para a celebração principal de dezembro.