A família de Millena Brandão, que morreu na última sexta-feira (2), diz ainda não saber a causa da morte da atriz mirim e questiona a condução dos atendimentos médicos. A menina chegou a ser atendida em três unidades de saúde diferentes em São Paulo. As Secretarias da Saúde municipal e estadual informaram que vão apurar se houve alguma irregularidade por parte dos funcionários. As informações são do g1.
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— Os médicos ainda não disseram o que realmente minha filha teve e o que a matou […] Ficou um ponto de interrogação — disse Thays Brandão, mãe da atriz, em entrevista ao g1. Ela e o marido, Luiz Brandão, de 35 anos, também são pais de uma menina de 2 anos.
Antes de morrer, Millena passou por dois hospitais diferentes e por uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Millena Brandão, atriz mirim do SBT, morreu nove dias após início de sintomas graves
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Veja a cronologia dos fatos
A atriz mirim foi levada pela primeira vez ao Hospital Geral de Pedreira, na Zona Sul, que é estadual, após relatar dores de cabeça. No dia 26 de abril, a menina deixou de desfilar em um evento por ainda sentir dores.
— Ela estava com dor de cabeça, mas andava e falava. O médico disse que era dengue, mas não fez exame. Disse para irmos com ela de volta para casa e darmos dipirona […] Começou a se queixar de dor na perna, que não conseguia andar. Ela não desfilou. A gente foi embora de novo para o Hospital Pedreira — disse a mãe
De acordo com Thays, os exames de sangue não apresentaram alterações e Millena foi orientada pela equipe médica a retornar para a residência e repousar. No dia 27 de abril, a Millena ainda se queixava de dores de cabeça fortes, sonolência e falta de apetite.
No dia seguinte, 28 de abril, a atriz conseguiu se alimentar, mas desmaiou no banheiro de casa. Nesse dia, exames descartaram dengue, Covid e H1N1, segundo os pais, mas informaram que ela estava com infecção urinária.
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— Corremos para a UPA Maria Antonieta [também no Grajaú e subordinada à Secretaria Municipal da Saúde]. Chegamos com ela desacordada nos braços do meu marido. Depois, abriu os olhos e recobrou a consciência.
De acordo com a mãe, Millena colocava a mão na cabeça e gritava de dor. Devido à gravidade do estado de saúde da criança, a equipe médica decidiu pedir uma vaga para ela na internação de algum hospital na capital.
Ainda segundo a mãe, uma enfermeira teria zombado da filha e teria falado para “ela não gritar que não ia passar”. Na manhã do dia seguinte, Millena teve a primeira parada cardiorrespiratória.
— O lábio ficou roxo. Depois a reanimaram e entubaram. A partir desse dia, ela não acordou mais — Na manhã de terça-feira (29), Millena foi transferida de ambulância da UPA para o Hospital Geral do Grajaú.
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— Lá não tinha neurologista. Só foi feita uma tomografia, e os médicos disseram que viram uma massa de 5 centímetros no cérebro dela. Só que não se sabe se essa massa era um tumor, um cisto, um edema, um coágulo… porque não conseguiram abrir a cabeça dela para ver. E agora, que veio o óbito, vão fazer uma biópsia para saber o que tinha no cérebro dela.
A mãe lamentou que a descoberta não tenha ocorrido quando ela levou a filha a outras unidades de saúde, que poderiam ter transferido a menina para o Hospital das Clínicas (HC), onde há especialistas em neurologia.
— Ela teve piora, com duas a três paradas cardíacas por dia. Ela teve 13 paradas no total. Nunca teve isso antes. Teve um dia em que ela teve sete paradas respiratórias. Algumas vezes faziam massagens e em outras davam choque [com o aparelho chamado desfibrilador].
Ainda segundo a mãe, uma vaga foi aberta no HC e menina poderia ser tranferida para um especialista em neurologia, entretanto, os médicos do Hospital Geral do Grajaú avaliaram que seria um risco para a vida dela.
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— Preferiram deixar para ver se ela estabilizava, pois o simples manuseio no corpo dela a fazia ter paradas cardíacas — contou a mãe.
Morte cerebral confirmada
Millena teve morte cerebral confirmada às 16h55min desta sexta-feira (2). Segundo a mãe, os médicos falaram que iriam esperar o coração da menina parar de bater para desligarem os aparelhos. Contudo, a família preferiu tomar uma decisão difícil:
— Eu falei que se fosse para deixar o coraçãozinho dela parar de bater sozinho, a gente sofreria mais, e ela também. E pedimos para desligarem os aparelhos — finalizou a mãe.
Veja as fotos de Milena Brandão
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Quem era Millena Brandão
Millena Brandão morava em São Paulo. Aos 11 anos, era atriz, modelo e influenciadora digital. Iniciou como modelo em 2020 e desde então participou de campanhas publicitárias de diversas marcas.
Segundo o mídia kit de apresentação da atriz, Millena era apresentada como desenvolta e desinibida, com facilidade para decorar textos, além de gostar dos novos desafios que a carreira poderia lhe proporcionar.
Millena ainda se dizia apaixonada por aventuras, esportes, passeios, viagens, natureza, animais e um gosto especial pela moda. Ela compartilhava em seu Instagram dicas de passeios, os trabalhos que fez e seus looks. Como influenciadora, ela também costumava fazer divulgação de produtos do nicho materno e teen.
O que dizem as secretárias de saúde
Secretaria Municipal da Saúde
“A Secretaria Municipal da Saúde (SMS), por meio da Coordenadoria Regional da Saúde (CRS) Sul, lamenta profundamente a perda da paciente M.M.B. e informa que será aberta sindicância para apuração e esclarecimento detalhado no atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Dona Maria Antonieta.
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O atendimento à paciente foi realizado na unidade, às 21h do dia 28 de abril. Conforme protocolo de Manchester, foi classificada com prioridade urgente, sendo encaminhada para observação, realizando exames (como o teste de dengue, que deu negativo) e medicação. Sem apresentar melhora clínica, foi solicitada às 07h59, do dia 29 de abril, a transferência via Sistema Informatizado de Regulação do Estado de São Paulo (SIRESP).
Após sinalização da equipe para a regulação sobre gravidade do caso, às 10h54, a vaga foi concedida pelo Hospital Geral do Grajaú e a paciente foi transferida. A direção da Unidade permanece à disposição para o que for necessário“.
Secretaria de Estado da Saúde
“O Hospital Geral de Pedreira lamenta o ocorrido, se solidariza com a família da paciente M.B. e está à disposição para prestar informações sobre o caso. A unidade apurará a conduta médica adotada durante o atendimento.
O hospital informa que, durante a permanência da paciente na unidade, o atendimento, que ocorreu em 26 de abril, foi realizado conforme sua condição clínica. Ela foi avaliada pela pediatra de plantão e medicada de acordo com os sintomas relatados“.
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Hospital Geral do Grajaú
“O Hospital Geral do Grajaú informa, com profundo pesar, que foi confirmada, às 16h55 de hoje (02), a morte encefálica da paciente Millena Brandão, que deu entrada nesta unidade em estado gravíssimo no dia 29/04/2025, transferida da Unidade de Pronto Atendimento Maria Antonieta (UPA).
Desde a sua chegada, a paciente recebeu cuidados intensivos e todo o empenho da equipe médica e assistencial, que não mediu esforços para preservar sua vida.
A confirmação do diagnóstico ocorreu após rigoroso cumprimento do protocolo estabelecido para esses casos.
A família esteve acompanhando cada etapa do cuidado, sendo mantida informada com respeito, acolhimento e todo o apoio necessário neste momento de profunda dor.
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Nos solidarizamos com os familiares e reafirmamos nosso compromisso com um cuidado digno e humano“.
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