Mais de 190 dos 1.191 municípios da região Sul do Brasil não têm qualquer tipo de sistema de drenagem de água da chuva. É o que revelou um estudo inédito do Instituto Trata Brasil, divulgado nesta quarta-feira (23). O valor representa 12% dos municípios da região, que engloba os estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná.

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“A drenagem e manejo de águas pluviais urbanas têm papel essencial no controle do escoamento
das chuvas, prevenindo alagamentos, erosão do solo e deslizamento de encostas. Ele é
especialmente importante no Brasil, que, por estar situado em uma zona tropical, é frequentemente
afetado por precipitações intensas, conhecidas popularmente como ‘chuvas de verão'”, esclarece a pesquisa.

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Sistemas de drenagem na região Sul

  • 187 municípios (30%): sistemas unitários de drenagem;
  • 589 municípios (29,4%): sistema de drenagem separador;
  • 179 municípios (24,9%): sistema de drenagem combinados;
  • 193 municípios (12%): não apresentam sistemas de drenagem.

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No Brasil, mais de 30% dos municípios não têm sistema

Entre 1991 e 2023, 3.464 pessoas morreram em deslizamentos, enchentes e outros eventos hidrológicos de desastres, muitos deles relacionados às chuvas intensas que atingem o país, de acordo com o levantamento. No caso do Brasil, ao menos 32,49% dos municípios não possuem qualquer tipo de sistema de drenagem de água da chuva.

A pesquisa, feita pelo instituto, toma como base o Diagnóstico Temático do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA) para Drenagem e Manejo de Águas Pluviais Urbanas (DMAPU), um documento técnico produzido pela Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades com dados de 2023, divulgado em março de 2025.

O diagnóstico contou com a participação de 4.958 municípios, que representam 89% do total de 5.570 municípios brasileiros. Esses municípios abrangem 95,1% da população total do país (195,1 milhões de pessoas).

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Santa Catarina tem o maior tipo de risco concentrado de deslizamento/enxurrada/inundação (Foto: Instituto Trata Brasil, Reprodução)

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Confira os principais destaques do estudo

Sistemas de drenagem:

  • 32,49% dos municípios analisados relataram não possuir qualquer tipo de sistema de drenagem;
  • 14,48% informaram operar sistemas combinados, com configurações exclusivas e unitárias em diferentes trechos;
  • 12,59% dos municípios operavam sistemas unitários, que combinam esgoto e drenagem em uma única rede;
  • 40,44% relataram possuir sistemas exclusivos para drenagem de águas pluviais.

Tratamento das águas pluviais:

  • Apenas 3,2% dos municípios (157 ao todo) informaram contar com sistemas de tratamento das águas pluviais, prática fundamental para mitigar os impactos ambientais.

Infraestrutura:

  • 78,2% das vias públicas urbanas no Brasil possuem pavimentação e meio-fio, mas apenas 33,5% contam com redes ou canais pluviais subterrâneos.

Planos diretores específicos

  • Apenas 263 municípios (5,3% do total) possuem Planos Diretores de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais (PDD), ferramenta essencial para o planejamento estratégico e a redução de riscos associados a eventos hidrológicos extremos.

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Desastre no RS escancara falta de investimento em drenagem

Os desastres ambientais, como o ocorrido no Rio Grande do Sul em maio de 2024, mostram a importância de políticas de prevenção e de investimento em drenagem e manejo de águas pluviais no Brasil.

Entre 2021 e 2023, foram investidos, ao todo, R$ 26,7 bilhões em DMAPU. É uma média de R$ 8,9 bilhões por ano.

O valor gasto, no entanto, fica muito abaixo dos R$ 22,3 bilhões indicados pelo Ministério das Cidades como necessário para universalizar os serviços até 2023. Isso significa que, para atingir o valor de R$ 223,3 bilhões totais até 2033, é necessário mais do que dobrar o investimento praticado atualmente.

Caso o investimento considerasse o valor por habitante, o custo passaria de R$ 43,79, realizado em 2023, para R$ 117,01.

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*Com informações do g1

**Sob supervisão de Luana Amorim

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