Um novo estudo realizado no Vale de Issa, no oeste da Tanzânia, trouxe à tona uma descoberta surpreendente sobre a alimentação dos primeiros ancestrais humanos. Pesquisadores identificaram um alimento até então subestimado, que pode ter tido papel essencial na sobrevivência das espécies.

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A pesquisa acompanhou o comportamento de primatas selvagens durante anos e revelou uma estratégia alimentar engenhosa, que desafia tudo o que se acreditava sobre a dieta dos antigos hominídeos.

Enquanto frutas e folhas sempre foram vistas como a base nutricional dos primatas, os cientistas descobriram que outro recurso natural, encontrado sazonalmente e cheio de benefícios, pode ter sido ainda mais importante em certos períodos do ano.

O alimento que mudou a história dos primatas

Durante quatro anos de observações no Vale de Issa, chimpanzés, babuínos e macacos-de-cauda-vermelha foram monitorados em busca de padrões de alimentação. O resultado chamou a atenção: eles consumiam um tipo específico de alimento, aparentemente modesto, mas com papel fundamental para a sobrevivência.

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Esse alimento, revelam os cientistas, eram os cogumelos, e o mais impressionante é como cada espécie os utilizava. Para chimpanzés e macacos, eram uma opção estratégica nas épocas de escassez de frutas. Já os babuínos, por outro lado, pareciam preferi-los mesmo quando havia fartura.

Em determinados meses, os fungos chegaram a representar mais de um terço da dieta dos babuínos. Eles parecem escolher esses alimentos por gosto, e não apenas por necessidade, explicam os autores do estudo, que analisou mais de 50 mil registros de alimentação.

Pistas sobre a evolução humana

As conclusões do trabalho vão além da curiosidade ecológica. O ambiente de Issa é semelhante às paisagens onde os primeiros hominídeos evoluíram, o que sugere que esse tipo de alimento pode ter sido igualmente importante para os ancestrais humanos.

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A micofagia, ou consumo de fungos, pode ter fornecido proteínas e micronutrientes essenciais para o desenvolvimento cerebral e a adaptação às mudanças climáticas da época. Se nossos parentes atuais exploram esse recurso, é plausível que os primeiros humanos também o tenham feito, destacam os pesquisadores.

Embora raramente preservados em fósseis, vestígios de DNA de fungos foram encontrados em restos neandertais, reforçando que esse hábito pode ser muito mais antigo e relevante do que se imaginava.

Um alerta sobre o presente e o futuro

Os pesquisadores também chamam atenção para outro aspecto: em várias regiões da Tanzânia, esse mesmo alimento é colhido e vendido em mercados locais, o que pode aumentar a competição entre humanos e animais selvagens.

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Com o avanço das mudanças climáticas e o uso crescente dos recursos naturais, compreender como espécies diferentes compartilham alimentos pode ser essencial para equilibrar ecossistemas e garantir segurança alimentar.

Mais do que um item curioso do cardápio pré-histórico, esse alimento (discreto e nutritivo) ajuda a contar uma história sobre adaptação, convivência e sobrevivência. Um lembrete de que, às vezes, os segredos da evolução estão escondidos sob nossos pés.

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