Pouca gente sabe, mas o segundo ponto mais alto do Brasil não pode ser visitado, pelo menos, não legalmente. Trata-se do Pico 31 de Março, localizado na fronteira entre o Brasil e a Venezuela, dentro do Parque Nacional do Pico da Neblina, no extremo norte do Amazonas.

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Com 2.974 metros de altitude, ele fica a poucos quilômetros do Pico da Neblina, o mais alto do país, e forma com ele um conjunto montanhoso impressionante que desponta acima da floresta amazônica.

Por que é proibido subir até o cume

Apesar de sua grandiosidade e do fascínio que desperta entre montanhistas, a escalada ao Pico 31 de Março é proibida. A principal razão está na preservação ambiental e cultural. O território pertence à Terra Indígena Yanomami, uma das maiores e mais preservadas do país. O acesso de visitantes é restrito para evitar impactos negativos na floresta, na fauna e nas comunidades locais, que vivem de forma tradicional e consideram a região sagrada.

Além disso, há motivos de segurança. A área é remota, de difícil acesso e com condições climáticas severas — chuvas intensas, neblina constante e risco de desorientação. O trajeto até o cume pode levar mais de dez dias de caminhada pela mata densa, exigindo preparo físico extremo e logística complexa. Sem autorização oficial da Funai e do ICMBio, qualquer expedição é considerada ilegal.

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Tentativas de reabertura e o turismo sustentável

Nos últimos anos, alguns projetos tentaram retomar o turismo controlado na região, especialmente para o Pico da Neblina, sob gestão conjunta com os Yanomami. A ideia é permitir visitas monitoradas que gerem renda sustentável para as comunidades e educação ambiental para os visitantes. No entanto, o Pico 31 de Março permanece fora dos planos, mantido como área de proteção integral.

Assim, o segundo ponto mais alto do Brasil segue visível apenas de longe, guardado pela floresta e pelos povos que a habitam.