Mesmo pertencendo à mesma família de equídeos, zebras nunca se tornaram animais de montaria como cavalos e jumentos. A ciência oferece explicações claras e surpreendentes sobre por que essas listras nunca chegaram à sela humana.

Continua depois da publicidade

Pesquisas recentes em comportamento animal e evolução mostram que a zebra desenvolveu características que dificultam qualquer aproximação estável com seres humanos ao longo da história.

Da genética às relações sociais, estudos revelam que a trajetória da zebra seguiu por caminhos muito diferentes daqueles que permitiram que cavalos e jumentos fossem domesticados há milênios.

Como se formou a relação com cavalos e jumentos

A análise de centenas de genomas antigos revelou que cavalos foram domesticados nas estepes pôntico-caspianas. A pesquisa publicada em 2021 na revista Nature detalha como esses animais passaram a se espalhar pela Eurásia.

Continua depois da publicidade

Outro estudo, também divulgado na Nature em 2024, refinou essa linha do tempo e mostrou que a mobilidade baseada em cavalos domesticados se consolidou por volta de 2.200 a.C., tornando-os essenciais para transporte e guerras.

Com os jumentos, o caminho foi semelhante. A pesquisa de 2022 publicada na revista Current Biology, Origins of Donkey Domestication, mostrou que eles foram domesticados no nordeste da África, com expansão confirmada por outro estudo da Science no mesmo ano.

Por que as zebras nunca entraram na mesma rota

Embora pertençam ao mesmo grupo, as zebras apresentam comportamento muito mais reativo. O estudo Why Were Zebras Not Domesticated? (2024) analisou o temperamento da espécie e mostrou respostas intensas ao contato humano.

Continua depois da publicidade

A evolução em ambientes com forte presença de predadores favoreceu indivíduos sempre alertas e desconfiados. A revisão A Narrative Review on the Stereo Behaviours of Zebras (2022) descreve padrões de vigilância constante e tentativas frequentes de fuga.

Essas características tornam improvável criar qualquer vínculo. Mesmo após tentativas repetidas, a zebra reage de forma imprevisível, o que impede o início de um processo de domesticação, algo essencial para montaria e trabalho.

Diferenças físicas que atrapalham ainda mais

Além do comportamento, há obstáculos físicos. A referência Horse vs. Zebra (2022), publicada na plataforma Research Starters, compara as espécies e destaca que zebras são menores e possuem estrutura menos adequada à sela.

Continua depois da publicidade

Por mais que pareçam fortes, elas têm corpo adaptado para arrancadas rápidas, não para carga ou tração prolongada. O conjunto anatômico dificulta tanto o controle por rédeas quanto a segurança do cavaleiro.

Registros mostram tentativas isoladas de uso, como as experiências de Walter Rothschild no século XIX, quando zebras puxaram carruagens. Mesmo nesses casos, a imprevisibilidade dos animais impediu qualquer avanço rumo à domesticação real.