Marque no seu calendário: o verão de 2025/2026 terá seu início oficial no domingo, 21 de dezembro às 12h03, no horário de Brasília.
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Se este horário parece um pouco tardio, é porque ele está. Comparado ao ano anterior, que começou às 6h20 de um sábado, a estação mais quente do ano chegará com um “atraso” de quase seis horas.
Este detalhe, que pode parecer trivial, não é um bug no sistema solar, mas sim uma característica fascinante de nossa jornada orbital. As estações do ano, que encaramos como simples datas, seguem uma lógica celestial precisa e complexa, ditada pela dança cósmica entre a Terra e o Sol.
Neste artigo, vamos desvendar quatro segredos por trás desse relógio universal. Você descobrirá por que esse “atraso” é um sinal de precisão, qual o verdadeiro motivo para o calor do verão, por que o Sol nem sempre nasce no mesmo lugar e o que a astronomia nos diz sobre a previsão do tempo para os próximos meses.
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O ‘atraso’ do Verão não é um erro, é a precisão do universo
O fato de o início das estações mudar a cada ano não é uma falha de cálculo, mas sim um reflexo da precisão com que nosso planeta se move pelo espaço. A razão para essa flutuação é o desencontro entre a forma como medimos o tempo em nossos calendários e o tempo real da órbita terrestre.
O conflito fundamental está entre o ano civil, com seus 365 dias redondos, e o ano tropical, que é o tempo que a Terra leva para dar uma volta completa ao redor do Sol. Esse percurso real dura aproximadamente seis horas a mais que o nosso ano civil. Essa diferença se acumula, fazendo com que o início de cada estação “atrase” cerca de seis horas a cada ano.
Para evitar que nossas estações se desloquem completamente pelo calendário, a humanidade criou o ano bissexto, um remendo genial que adiciona um dia extra a cada quatro anos. No entanto, essa correção não zera perfeitamente o descompasso. O resultado é essa variação contínua nos horários e, por vezes, até na data, com o solstício de verão ocorrendo nos dias 20, 21 ou 22 de dezembro.
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Não é a distância, é a inclinação
Muitos acreditam que o verão é mais quente porque a Terra está mais próxima do Sol. Essa é uma ideia intuitiva, mas incorreta. A verdadeira causa para o calor da estação é muito mais elegante e tem a ver com a geometria do nosso planeta no espaço.
A razão, como explica a astrônoma Dra. Josina Nascimento, do Observatório Nacional, é a inclinação do eixo de rotação da Terra, que é de aproximadamente 23 graus. Para entender o que isso significa, imagine que o equador do nosso planeta se estende para o espaço, criando uma linha imaginária chamada equador celeste. O Sol, em seu caminho aparente pelo nosso céu, chamado de eclíptica, cruza essa linha duas vezes por ano. Os solstícios ocorrem quando o Sol atinge seu ponto mais distante do equador celeste.
No verão do hemisfério sul, essa inclinação faz com que nossa parte do planeta esteja “apontada” para o Sol. Para visualizar o efeito, pense nos raios solares como o facho de uma lanterna. Quando o facho atinge uma superfície de frente, a luz é concentrada, intensa e gera mais calor. Isso é o nosso verão. Quando o facho atinge a superfície de lado, a luz se espalha e perde intensidade. Isso é o inverno. É por isso que os dias de verão são mais quentes e mais longos que as noites.
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A intensidade desses efeitos varia conforme a latitude, como destaca a astrônoma:
“Alguns efeitos das estações do ano são tão maiores quanto mais distante estamos do equador terrestre. Nas localidades próximas ao equador terrestre, o comprimento dos dias é praticamente o mesmo durante todo o ano e a diferenciação vai ficando cada vez maior, sendo máxima nos polos.”
O Sol nem sempre nasce exatamente no Leste
Aqui está um fato que você pode observar diretamente: o ponto no horizonte onde o Sol nasce e se põe muda ao longo do ano. Este é outro efeito direto da inclinação da Terra e seu movimento orbital.
A ideia de que o Sol nasce no leste e se põe no oeste é uma simplificação útil, mas não é sempre exata. Apenas durante os equinócios (início do outono e da primavera) é que o Sol nasce precisamente no ponto cardeal leste e se põe precisamente no ponto cardeal oeste.
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Nos solstícios (início do verão e do inverno), o Sol atinge seu afastamento máximo desses pontos cardeais. Durante o solstício de verão no hemisfério sul, o Sol nasce e se põe em suas posições mais afastadas do leste e do oeste, traçando um arco mais longo e alto no céu ao longo do dia.
Da astronomia à previsão do tempo para o seu verão
O solstício de verão não é apenas um marco no calendário; é um evento astronômico com consequências meteorológicas diretas. O fato de o hemisfério sul receber a energia solar de forma mais direta e prolongada aquece intensamente a atmosfera, o solo e os oceanos. Esse aquecimento gera instabilidade, aumenta a evaporação e alimenta os fenômenos típicos da estação, como chuvas intensas, tempestades com granizo e ventos fortes.
Mas o que podemos esperar especificamente para os próximos meses? Com base no prognóstico climático oficial conjunto dos principais órgãos de meteorologia do Brasil — o INMET, o INPE e a FUNCEME —, a previsão para o trimestre de janeiro a março de 2026 é a seguinte:
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- Fenômeno: O clima será influenciado por um episódio fraco de La Niña.
- Temperatura: Espera-se que as temperaturas fiquem acima da média histórica na maior parte do Brasil, especialmente na porção central do país.
- Chuvas: Os volumes de chuva devem ficar acima da média na Região Norte e no Rio Grande do Sul. Em contraste, prevê-se chuvas abaixo da média em grande parte da Região Nordeste e em partes do Sudeste e Centro-Oeste.
Um novo olhar para o céu
O “atraso” de seis horas no início do verão não é uma anomalia, mas um lembrete da complexa e previsível mecânica celeste que governa nossas vidas. Das variações de temperatura ao caminho que o Sol traça no céu, cada aspecto das estações é uma peça de um imenso e preciso quebra-cabeça cósmico. Entender essa engrenagem nos conecta a algo muito maior, transformando um simples dia de calor em uma apreciação da ordem do universo.
Da próxima vez que sentir o calor do sol de verão, você se lembrará da dança cósmica que o tornou possível?
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