Na busca pelo sossego, uma cidade com praias tranquilas tem conquistado o coração de diferentes gerações no Litoral Norte do Estado. Mesmo em uma terça-feira nublada pela manhã, é possível encontrar diversas pessoas curtindo as praias de Balneário Barra do Sul. O município se tornou um refúgio para os moradores da região e oferece diversas opções de lazer, agradando os diferentes gostos e, principalmente, o bolso dos turistas. Não é à toa que a pequena cidade recebe mais de 100 mil pessoas durante a temporada.

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As águas da Boca da Barra são as favoritas para as brincadeiras de um avô com sua neta. O verão se torna mais alegre para a pequena menina de sete anos, que se diverte ao ser jogada no ar pelo avô e cair na água repetidas vezes.

Veja fotos das praias:

Da areia, Marli Paulina Caetano, de 67 anos, ex-moradora de Joinville, admira a cena da neta com o marido. Ela conta que encontrou em Balneário Barra do Sul a tranquilidade que buscava para aproveitar a aposentadoria com seu marido. Após uma vida toda visitando as praias do município, o lugar que antes era só um refúgio se tornou a casa deles há três anos. Agora, o casal recebe as filhas e netos, que fogem da correria das cidades mais badaladas.

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Balneário Barra do Sul fica a aproximadamente 50 quilômetros de Joinville e tem ainda São Francisco do Sul, Araquari e Barra Velha como cidades vizinhas. Para Marli, a proximidade com a maior cidade do Estado sempre foi um fator essencial para que visitasse as praias da cidade, ainda mais agora que sua família sempre a visita aos fins de semana.

— O motivo para a gente vir e gostar tanto da Barra do Sul é porque é mais perto de Joinville. Apesar que a BR-280 era bem mais difícil naquela época, né? Mas depois que asfaltaram melhorou. Ainda é um problema com muitas filas, demora muito para chegar até aqui pela 280, mas agora a gente tem a BR-101 também — explica.

Segundo José Raulino Esbiteskoski, secretário de Esporte e Turismo da cidade, Marli não está sozinha neste pensamento. Ele confirma que um dos motivos que colaboraram para uma procura maior pelas praias de Balneário Barra do Sul é a facilidade e proximidade de acesso em relação a Joinville.

— Por estarmos próximos de grandes pólos urbanos como Joinville e outras importantes cidades do norte do estado, contamos com dois acessos asfaltados que ligam Balneário Barra do Sul a diferentes rodovias federais, oferecendo mais opções e agilidade no deslocamento — explica.

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Procura e o “boom” populacional

Balneário Barra do Sul se revela um sucesso durante o verão. De acordo com dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), Balneário Barra do Sul conta com 16.360 moradores. Mas o secretário conta que durante o verão, especialmente na alta temporada, esse número pode chegar a cerca de 150 mil pessoas, representando um crescimento bastante expressivo.

— O crescimento do turismo em Balneário Barra do Sul se tornou mais perceptível nos últimos anos, quando o município passou a se destacar como um destino emergente, tanto para visitantes de Santa Catarina quanto de outras regiões — destaca.

Com tantos turistas chegando, a preparação da cidade para recebê-los durante a temporada é imprescindível. Para lidar com esse aumento populacional de maneira eficiente, o município se concentra principalmente no fornecimento de serviços essenciais, como a distribuição de água.

— A cidade se organiza para receber bem seus visitantes, não há registros de falta de água ou de outros serviços essenciais, e o comércio em geral se prepara reforçando a mão de obra e o estoque para atender a alta demanda. Dessa forma, tanto moradores quanto turistas podem desfrutar de uma experiência tranquila e segura — explica.

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Além disso, uma das recentes ações da prefeitura foi a iniciativa de substituir grande parte da antiga iluminação pública por luminárias de LED. O projeto, com um investimento superior a R$ 2 milhões, busca promover a segurança e economia, melhorando a qualidade de vida dos moradores e turistas.

Reflexos em toda a economia municipal

Dividindo as areias com o trabalho, Tatiane trabalha há quatro anos em um quiosque na Boca da Barra. Ali, os turistas encontram diferentes pratos que levam os frutos do mar como principal ingrediente.

— Nunca havia trabalhado de garçonete, mas gosto muito de estar aqui. Trabalhar com o pé na areia e servir as pessoas da melhor maneira possível, tranquilo não é… mas é gratificante — conta a garçonete.

A trabalhadora revela que nesta a temporada o movimento foi mais tranquilo quando comparado a anos anteriores. Por outro lado, percebeu que a procura tem sido maior por turistas de outras regiões do Estado, não só do Norte. Para a garçonete, a crescente procura é reflexo dos diferentes tipos de lazer que a cidade proporciona aos turistas.

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—  Aqui temos lagos, braços de mar, as famílias ficam mais tranquilas com as crianças. Mas também tem momentos de mais aglomeração de pessoas, para quem gosta de agito. A questão da criminalidade também acredito que influencia, quase não vemos casos de furtos e roubos — afirma.

O reflexo pode ser observado na economia do município. Em cerca de uma década, o Produto Interno Bruto (PIB) de Balneário Barra do Sul praticamente dobrou. De acordo com dados do IBGE, em 2010 o valor do PIB per capita era de R$ 11,5 mil. Onze anos depois, o valor era de R$ 22,5 mil. Com base na população estimada pelo IBGE em 2024, o PIB total da cidade somaria R$ 369,4 milhões.

A pesca como fonte de renda

Para quem está na areia da praia, os quiosques e lanchonetes oferecem diversas opções de refeições prontas na beira do mar. Mas para aqueles que preferem comprar peixes ou frutos do mar para preparar em casa, as bancas dos pescadores são as “queridinhas”. 

Para a moradora Marli, são todos esses atrativos que tornam a cidade perfeita para ela.

— A praia aqui é bem calma, não só pela água, mas o lugar mesmo. A gente sempre encontra peixe e outros frutos do mar bem mais frescos. (…) Tem outras cidades, conhecemos outras praias, mas para morar é aqui na Barra. Não tem como — defende.

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Entretanto, o que é atrativo para os turistas é a principal fonte de renda para diversas famílias. Como é o caso da Dona Chica, a moradora, de 60 anos, que é dona de uma tradicional banca de peixes na Boca da Barra. Já há quarenta anos no mesmo ponto, Chica conta que a cidade mudou muito ao longo dos anos e que a quantidade de turistas tem crescido na mesma proporção. Para ela, a temporada de verão é a melhor época do ano para o negócio. Durante este período, as vendas de peixes atingem R$ 4 mil por dia.

— Nós viemos de uma família simples, meu pai teve doze filhos e a vida era muito difícil. Agora tudo mudou — revela a moradora.

Com chuva ou com sol, ela está todos os dias ali. Chica conta que seu pai era pescador e ela, ainda na infância, ajudava sua mãe a vender os pescados na praia. Anos depois, ela continua com o negócio da família e dali tira toda sua renda.

— Meu filho se formou advogado pagando o estudo dele só com a pesca. Eu tenho orgulho! Até hoje ele ainda pesca, sai às 3h e retorna às 7h e depois vai trabalhar — conta.

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Dona Chica também revela que sua neta de apenas sete anos já se interessa pela atividade. De geração em geração, a habilidade de limpar os frutos do mar está no “no sangue” da família.

As “queridinhas” dos turistas

De acordo com o secretário de Turismo e Esporte, as praias com mais movimento e ondas propícias ao surfe, são as praias do Bispo e Salinas, onde há trechos que costumam atrair surfistas e adeptos de esportes aquáticos, sobretudo na parte mais aberta do litoral.

Para quem busca algo mais calmo, um dos destaques fica na região do Loteamento Maria Fernanda, onde a lagoa, com suas águas calmas e áreas sombreadas, é ideal para quem procura tranquilidade, especialmente famílias com crianças.

Além das praias, o município também tem outros atrativos. Há passeios de barco de turismo e dezenas de embarcações que levam grupos para a pesca esportiva em alto-mar, atividade muito procurada por quem aprecia contato direto com a natureza.

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Durante a metade do ano, a tradicional Festa da Tainha atrai um grande número de turistas, e a gestão atual tem a intenção de ampliar o calendário de eventos para incrementar o turismo também na baixa temporada.

Entre os planos estão o resgate da Festa do Camarão e a criação de uma festa em outubro, valorizando os frutos do mar e trazendo a animação típica dos eventos de chope que acontecem nas cidades vizinhas.

*Sob supervisão de Leandro Ferreira

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