O papa não recebe salário. A resposta, confirmada oficialmente quando Jorge Bergoglio assumiu o trono de Pedro em março de 2013, parece simples, mas abre um amplo debate sobre como se financia – e quanto custa manter – a figura mais influente da Igreja Católica, instituição com 1,38 bilhão de fiéis espalhados pelo planeta.
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“O pontífice não tem vencimentos. Todas as suas necessidades são cobertas pela Santa Sé”, disse à época o então porta‑voz, padre Federico Lombardi.
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Como o Papa se sustenta?
Doações, patrimônio e museus: o tripé do caixa vaticano
Sem contracheque, o Papa vive de um sistema de custeio coletivo. O orçamento anual da Santa Sé, divulgado em 2024, detalha três grandes fontes de receita:
- Óbolo de São Pedro – coleta global feita no último domingo de junho nas paróquias do mundo todo; rendeu cerca de €55 milhões em 2023.
- Patrimônio imobiliário e financeiro – prédios em Roma, Londres e Paris, além de investimentos geridos pela APSA (Administrazione del Patrimonio della Sede Apostolica).
- Exploração turística e filatélica – bilheteria dos Museus Vaticanos, venda de selos e moedas comemorativas.
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Esses recursos pagam a folha dos 4 000 funcionários do micro‑Estado, a manutenção dos palácios históricos e, claro, as despesas do Papa.
A vida de Francisco após o “habemus papam”
Francisco trocou o Palácio Apostólico pela Casa Santa Marta, hospedaria dentro dos muros leoninos onde tem um quarto de 50 m². Almoça diariamente no refeitório comum com secretários e faxineiros, desloca‑se num Fiat 500L e prefere sapatos ortopédicos a calçados pontifícios de couro vermelho.
Todos os custos – vestuário litúrgico, assistência médica, viagens apostólicas – entram no orçamento da Santa Sé. Uma conta particular existe, mas serve apenas para compras pontuais de livros e remédios, segundo fontes do Vaticano.
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Quanto custa manter um Papa?
Estimativas de analistas consultados pela revista L’Espresso apontam que o cotidiano pontifício – moradia, alimentação, segurança e logística – custa cerca de 3 milhões de euros ao ano. Quando se somam as viagens internacionais, a cifra salta: só em 2024, as deslocações a Marselha, Mongólia, República Tcheca e Filipinas consumiram quase 10 milhões de euros.
E depois do pontificado?
O caso recente de Bento XVI fornece pistas: aposentado em 2013, ele viveu no mosteiro Mater Ecclesiae, dentro do Vaticano, com todas as despesas pagas e um subsídio pessoal de €2 500 por ano para pequenas compras. Na morte do pontífice, o funeral é financiado pela Casa Pia dos Cônegos de São Pedro.
Antes do Vaticano, um salário de bispo
Na Argentina, Jorge Bergoglio recebia o estipêndio estatal pago a arcebispos – 14 200 pesos em 2012, algo próximo de US$3 000 à época. Segundo colaboradores, ele destinava quase todo o valor a obras de caridade e vivia num modesto apartamento no bairro de Flores, em Buenos Aires, deslocando‑se de metrô ou ônibus.
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Por que importa?
A transparência financeira é uma bandeira do pontificado de Francisco. Saber que o Papa não recebe salário, mas vive de um sistema sustentado por doações e ativos seculares, ajuda fiéis e críticos a entenderem para onde vai cada centavo depositado nas cestas de coleta e nas bilheterias dos museus.
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