Foram quatro dias, mais de 35 horas remando, muito protetor solar, força física e mental, mas ao pisar na areia da praia da Daniela, no norte da Ilha, o velejador Vanir Tiscoski Junior pouco demonstrava cansaço. Com a prancha de stand up paddle nos braços — sua companheira de jornada — o homem de 29 anos cumpriu o desafio de dar a volta à Ilha remando sozinho.

Continua depois da publicidade

No mesmo local em que deu início a travessia, ele recebeu o abraço dos amigos, da mãe e irmãs, que finalmente respiraram aliviadas. A aventura começou no dia 25 de dezembro, mas além das belas paisagens da costa de Florianópolis, teve momentos de tensão, com fortes ventos e correntes. O sol intenso também foi um desafio para o homem loiro de pele clara, de apelido Alemão. Acostumado a uma vida na água, Alemão terminou sua jornada solitária reafirmando uma certeza: “o mar é onde eu pertenço, me traz energia e paz”.

Homem faz volta à Ilha de Santa Catarina de stand up paddle

ENTREVISTA

Continua depois da publicidade

Como surgiu a ideia de fazer a volta à Ilha de stand up paddle?

Eu tenho convívio com o mar desde os noves anos, começou com surfe e depois barco à vela. Estava levando um veleiro para Parati e comprei um livro do Amyr Klink e gostei muitas das histórias, então aquela leitura me incentivou. Essa época do ano é muita festa, muita muvuca em Floripa. Como eu recém tinha vendido um barco, estava com o dinheiro para comprar o stand up. Comprei na sexta-feira, no sábado dei uma volta para ver que estava tudo certo e domingo comecei a travessia.

Como foi o planejamento? 

Eu sou acostumado a fazer navegação com veleiros, então já tinha em mente todo o roteiro que poderia fazer. Comecei a analisar a previsão do tempo, a minha velocidade em uma hora e planejamento das rotas. Colei um mapa na prancha com o percurso entre uma ponta e outra, mas também uma alternativa percorrendo a beira da praia, pois dependendo da corrente eu teria que me abrigar. Estimei em cinco dias, consegui concluir em três dias e meio.

Foto: Marco Favero / Agencia RBS

 Teve algum momento de maior dificuldade, que pensou em desistir?

Continua depois da publicidade

Desistir não me passou em nenhum momento, mas foi bem desafiante um momento em que tive que remar e pegar onda pra fugir da tormenta. Outro ponto foi quando estava saindo da ilha do Campeche, foi crítico porque ali é mar aberto e estava um vento Nordeste de 17 a 20 nós que estava me empurrando para o Matadeiro, e meu objetivo era ir para a Lagoinha do Leste. Neste trecho também tinha um paredão enorme, então tive que remar muito forte para conseguir me safar do costão, qualquer descuido poderia bater. Foi bem crítico, mas passei e consegui chegar na Lagoinha do Leste e acampar na barraca de um amigo que estava lá.

 O que significou essa experiência?

Deu pra ver que cada vez mais eu pertenço ao mar, ele me traz uma energia. Remava 10 horas e ainda continuava disposto, isso só me colocou que meu estilo de vida, minha vontade, aonde eu quero estar e trabalhar é no mar. Gosto desse ambiente porque é instável, não gosto de monotonia, você tá ali, daqui a pouco vem um vento sul, é um desafio, e da mesma forma naquela hora que você está lá remando, o mar parado, é uma calma, traz uma paz, você se concentra, respira, é muito bom.

 Volta à Ilha

Partida 25/12 – domingo
Daniela – Barra da Lagoa

 2º dia – 26/12 – segunda
Barra da Lagoa  – Lagoinha do Leste

 3º dia – 27/12 – terça
Lagoinha do Leste – Iate Clube (Centro)

 4º dia – 28/12 – quarta
Iate Clube – Daniela (chegada às 14h)

Destaques do NSC Total