Com o maior PIB de Santa Catarina e uma das economias que mais crescem no país, Itajaí vive uma crise silenciosa de moradia popular. O município acumula um déficit habitacional estimado em 15 mil unidades, enquanto apenas 10% dos lançamentos imobiliários são voltados ao segmento econômico, que são imóveis de até R$ 500 mil, a faixa de maior demanda na cidade.

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O alerta foi feito por Fabio Inthurn, presidente do Instituto Mais Itajaí e CEO da construtora Lotisa, em entrevista ao podcast Polilógica, que aborda temas de política e economia. Segundo ele, o problema reflete um desequilíbrio estrutural no mercado imobiliário local.

— Há quatro anos não são executados projetos enquadrados no Minha Casa, Minha Vida (MCMV) em Itajaí. Isso fez o preço dos aluguéis disparar, inclusive nas áreas mais afastadas — afirmou Inthurn.

Veja fotos de empreendimentos previstos para Itajaí

O empresário defendeu que a solução passa pela parceria entre o setor privado e o poder público. O Instituto Mais Itajaí, criado neste ano e composto por mais de 30 empresas locais, pretende doar R$ 5 milhões em projetos técnicos executivos para obras estruturantes que contribuam com o desenvolvimento urbano.

Inthurn, à frente de grandes empreendimentos como o Portovelas, maior residencial de médio padrão do Litoral Norte, reconhece que o alerta pode soar contraditório vindo de um construtor, mas argumenta que o problema é sistêmico.

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— O custo dos terrenos explodiu, a carga tributária é alta e o processo de aprovação é lento. Sozinha, uma empresa não consegue remar contra a maré. É preciso uma política habitacional clara e incentivos públicos — defende.

Foco no público esquecido

O empresário explica que há dois públicos distintos com necessidade de moradia: o de baixa renda, que depende do Estado e de programas sociais, e o intermediário, que não se enquadra no MCMV, mas também não consegue comprar imóveis de médio ou alto padrão.

O Portovelas foi criado justamente para esse segundo grupo. O empreendimento reúne 780 unidades com valores a partir de R$ 400 mil, localizado no bairro São João, a cinco minutos do Centro. O projeto conta com 8,5 mil m² de áreas de lazer e convivência e opções de entrada facilitada e parcelamento direto com a construtora.

— O Portovelas é um projeto-piloto. Ele mostra que é possível entregar qualidade com preço acessível. Mas sabemos que um empreendimento não resolve o déficit. Por isso, a aposta de longo prazo está no Instituto Mais Itajaí, que busca atacar a raiz do problema e ajudar a cidade a se planejar melhor para o futuro — conclui Inthurn.

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