Um município localizado no Planalto Norte de Santa Catarina vive um cenário de instabilidade política sem precedentes na última meia década. Com pouco mais de 7 mil habitantes, a cidade de Major viu, em cinco anos, dois prefeitos presos e uma vice-prefeita afastada da função de secretária de Saúde. Todas as ações judiciais ocorreram quando os políticos ocupavam os cargos. Isto inclui o caso da atual vice-prefeita, Vilma Muller Kiem (PSD), afastada da função de secretária de Saúde pela Justiça, nesta semana.
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A turbulência política na cidade começou em agosto de 2020, durante a segunda fase da Operação Et Pater Filium. O então prefeito Orildo Antônio Severgnini (MDB), que na época também presidia a Federação Catarinense de Municípios (Fecam), foi preso preventivamente, junto com o filho dele. Severgnini chegou a ser prefeito na cidade em cinco mandatos.
As investigações do Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) apontaram um esquema de corrupção que envolveria fraudes em licitações e outras crimes. Orildo foi condenado a penas que, somadas, ultrapassam os 100 anos de prisão. O esquema utilizaria empresas de fachada e teria beneficiado empresários da região em troca de propinas milionárias.
Após a prisão de Severgnini, o município tentou retomar a normalidade com a eleição de Adilson Lisczkovski (Patriota), que era vice do prefeito que havia sido preso quatro meses antes da eleição de 2020. No entanto, em 2023, a história se repetiu. Lisczkovski foi um dos alvos da Operação Mensageiro, que revelou o escândalo do lixo em SC.
Lisczkovski, que morreu recentemente por um agravamento no quadro de saúde, foi preso sob a acusação de receber propinas mensais para favorecer uma empresa de saneamento em contratos de coleta de lixo. Com a prisão e o desenrolar do processo, ele acabou perdendo o mandato, deixando o cargo para o presidente da Câmara na época.
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O episódio mais recente dessa sucessão de escândalos ocorreu nos últimos dias. A vice-prefeita Vilma Muller Kiem, que também exercia o cargo de secretária de Saúde, foi afastada cautelarmente por determinação do Judiciário catarinense.
A investigação apura o uso indevido de uma ambulância da frota municipal para realizar viagens pessoais a Curitiba (PR). Imagens de câmeras de monitoramento de praças de pedágio foram utilizadas como prova. A decisão judicial determinou o afastamento imediato de suas funções administrativas para evitar a interferência na coleta de provas e depoimentos de testemunhas.

