A divisão interna de uma facção criminosa de Santa Catarina tem deixado as forças de segurança do Estado em alerta. A coluna teve acesso a informações exclusivas sobre os movimentos que vêm sendo monitorados pelas forças de segurança do Estado desde a última sexta-feira (16), quando surgiram as primeiras informações sobre o racha no grupo.
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Os indícios iniciais apareceram em conversas via WhatsApp, nas quais os “cabeças” da facção enviaram um comunicado a partir da Penitenciária de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis. A mensagem informava que sete criminosos estavam sendo afastados da facção “para esclarecimentos”, devido à suspeita de um movimento de golpe interno.
Um dos afastados, conforme apura a inteligência das forças de segurança, foi o responsável por ordenar ataques nas ruas da Grande Florianópolis em outubro de 2024. Ele está foragido em uma comunidade do Rio de Janeiro. Em seguida, circulou em grupos da facção no WhatsApp um vídeo em que homens armados aparecem supostamente apoiando os “cabeças” do grupo, em resposta ao alegado golpe dos dissidentes. Os chefes da facção seriam dois homens atualmente presos — um em São Pedro de Alcântara e outro na Penitenciária Federal de Mossoró (RN).
Ainda na sexta-feira outro comunicado foi identificado pelas equipes de inteligência das forças policiais, desta vez assinado pelos sete criminosos afastados. Na nova mensagem, a ordem era inversa: eles determinavam o afastamento dos dois “cabeças” da facção e de um terceiro integrante, também preso.
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No sábado, 17 de maio, a reação dos “cabeças” da facção à suposta tentativa de golpe evoluiu. Os dois chefes ordenaram a “decretação” — termo que, no contexto, significa a execução — dos sete dissidentes. Em contrapartida, os afastados também “decretaram” os dois “cabeças”, o terceiro preso mencionado anteriormente e mais um homem ligado à facção, atualmente em regime aberto, alegando que estariam sendo desviados recursos, além de haver traição e ações em benefícios próprios por parte deles.
Diante do acirramento, um dos homens “decretados” pelo comando se uniu a outros membros do grupo para roubar o arsenal de armas da facção. Além disso, a ala dissidente teria se reorganizado internamente, retirando das posições de comando o integrante foragido no Rio, apontado como um dos articuladores do suposto golpe.
Isso gerou um novo alerta por parte da chefia da facção no domingo (18), acompanhado de um aviso de que os criminosos afastados não deveriam mais ter suas ordens obedecidas. Relatórios de inteligência das forças policiais indicam uma divisão clara na cúpula da organização criminosa. Até o momento, a massa carcerária demonstraria apoio aos três homens que atualmente comandam a facção, sem aderir aos dissidentes.
Por outro lado, o ex-integrante da chefia criminosa, escondido no Rio de Janeiro, estaria tentando convencer os demais membros de que estão sendo “enganados e prejudicados” pelos “cabeças” atuais. Segundo as investigações, ele contaria com o apoio de um dos chefes da principal facção criminosa do Rio.
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Por fim, os agentes de segurança avaliam que, diante da escalada de ameaças provocada pelo racha interno, alguns bairros da Grande Florianópolis passaram a registrar aumento no poder bélico dos bandidos. Mas até o momento nenhuma ocorrência foi registrada com ligação direta à disputa. A coluna apurou ainda que, desde a noite de domingo, não houve novos desdobramentos. Todas as corporações de segurança do Estado atuam em conjunto, assim como MP-SC, desde a sexta-feira passada.