Nesta reta final de 2025, o governador Jorginho Mello (PL) consolidou a aproximação e o apoio dos prefeitos das quatro maiores cidades da Grande Florianópolis. O que antes se restringia a Florianópolis e Palhoça passou a incluir também São José e Biguaçu. Os movimentos do governador, evidentemente, já miram o cenário político de 2026.

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Para agradar os prefeitos, Jorginho identificou uma oportunidade em uma fragilidade comum à maioria dos municípios: o aperto financeiro. Com caixas pressionados, os prefeitos passaram a ver no governo do Estado a única saída para viabilizar obras estruturantes.

Em Florianópolis, por exemplo, a prefeitura só tem conseguido tirar grandes projetos do papel com o apoio estadual. Ainda em 2023, antes mesmo da eleição municipal que resultou em sua reeleição, Topazio Neto (PSD) “abraçou” Jorginho. O gesto garantiu, ao mesmo tempo, o apoio político do PL ao projeto de 2024 e um pacote robusto de obras. Entre elas estão a ponte da Lagoa, o prolongamento da faixa de areia de Jurerê e a terceira faixa da SC-401, obra estadual, mas que ataca um dos principais gargalos de mobilidade da Capital.

Na vizinha São José, a situação financeira também empurrou o prefeito Orvino Coelho de Ávila (PSD) para mais perto do governador. O cenário é tão delicado que, na semana passada, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) emitiu parecer pela rejeição das contas de 2024 do município. Para viabilizar grandes obras, Orvino também “abraçou” Jorginho. A parceria foi oficializada na assinatura da obra da Beira-Mar de Barreiros, com a garantia de um repasse estadual de R$ 70 milhões.

Em Palhoça, o prefeito Eduardo Freccia (PL) é o único entre os quatro que comanda uma das maiores prefeituras da região e pertence ao mesmo partido do governador. No município, o governo do Estado iniciou a construção do primeiro hospital público da cidade, uma demanda histórica da população. O investimento gira em torno de R$ 120 milhões.

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Por fim, Biguaçu foi o movimento mais recente desse tabuleiro político. O prefeito Salmir da Silva, que deixou o MDB e se filiou ao Podemos, partido que estará no projeto de reeleição de Jorginho, consolidou a aproximação com o governador nos últimos meses. Salmir é pré-candidato a deputado estadual em 2026, e o alinhamento político tende a se refletir também em obras e repasses para a quarta maior cidade da Grande Florianópolis.

Com os cofres estaduais em situação confortável, Jorginho encontrou o ambiente ideal para avançar nessas articulações. A capacidade de investimento do governo do Estado contrastou com a fragilidade financeira dos municípios e criou uma equação simples: de um lado, prefeitos pressionados por obras e resultados; do outro, um governador com recursos, interesse político e perspectiva eleitoral. Na prática, foi a união da fome com a vontade de comer.