Nos últimos 90 dias, seis cidades brasileiras se destacaram pela velocidade de vendas de imóveis residenciais, segundo dados da DWV, plataforma nacional de inteligência que monitora lançamentos e transações imobiliárias em tempo real. O topo do ranking ficou com Porto Belo, no Litoral Norte catarinense, que registrou 1.058 unidades comercializadas no período, à frente de Itapema (728), Itajaí (628), Curitiba (587), Balneário Camboriú (192) e João Pessoa (156).
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Embora tenha menos habitantes e área reduzida em comparação a outros polos imobiliários, Porto Belo tem consolidado uma trajetória que une turismo, segunda moradia e uma nova geração de empreendimentos próximos ao mar voltados ao alto padrão. O volume de 1.058 unidades vendidas em apenas três meses indica um mercado com forte liquidez e apetite do comprador, especialmente em projetos situados perto da orla e em eixos que se conectam às principais praias e serviços da região.
Veja fotos de Porto Belo
Para o especialista em marketing e gestão imobiliária Jordan Hang, CEO da JH Marketing, os números de Porto Belo funcionam como um termômetro das mudanças em curso no mapa dos investimentos.
– Porto Belo é um exemplo de como a combinação entre planejamento urbano, bons produtos e leitura precisa de demanda pode reposicionar uma cidade no radar nacional. Há poucos anos, ela era vista quase exclusivamente como extensão de outros destinos do Litoral Norte catarinense. Hoje, passa a ser protagonista em volume de vendas, com ticket médio crescente e projetos que competem em padrão com mercados já consolidados – afirma Hang.
Segundo ele, que presta consultoria para empreendimentos de peso de construtoras em todo o Sul do país e que acumula uma série de casos de sucesso de alavancagem de vendas em tempo recorde, o desempenho recente de Porto Belo também expõe uma ruptura no modo como construtoras e incorporadoras estruturam lançamentos.
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– O jogo deixou de ser apenas ‘lançar bem localizado’ e virou ‘lançar com estratégia de marca, narrativa consistente e operação comercial altamente técnica’. Em mercados muito competitivos, como o litoral catarinense, quem não integra dados, comunicação e força de vendas tende a perder velocidade e margem. Cidades como Porto Belo e Itajaí mostram que, quando o produto certo encontra a mensagem certa e o preço certo, a absorção acontece em janelas de tempo cada vez menores – avalia Hang, que neste e no próximo ano deve acumular R$ 2 bi em VGV sob a sua gestão.
Hang afirma que o papel de empresas especializadas em gestão de marketing e vendas ganhou peso em um cenário em que o volume de lançamentos cresce, mas a atenção do comprador não acompanha na mesma proporção.
– O Brasil vive um momento em que várias cidades disputam o mesmo investidor, o mesmo comprador de segunda moradia e o mesmo fundo. Em vez de competir apenas em preço, as empresas que estão na frente — em Porto Belo, Itapema, Curitiba, João Pessoa — aprenderam a construir percepção de valor. Isso passa por desenhar o produto certo para aquele território, precificar com base em dados e criar uma história que faça sentido para o público. Quando isso acontece, a velocidade de vendas deixa de ser acaso e passa a ser método – diz.
No litoral de Santa Catarina, a liderança de Porto Belo não ocorre de forma isolada. Conforme o estudo da plataforma e que também serve como um dos inúmeros indicadores para as análises de Hang, Itapema, com 728 imóveis vendidos no período, mantém uma forte presença de lançamentos sofisticados que atraem investidores de todo o país, enquanto Itajaí, com 628 unidades, combina um mercado sólido, ancorado na economia portuária, a bairros emergentes que passam por um ciclo intenso de verticalização e valorização. Balneário Camboriú, apesar do número absoluto menor (192 unidades), segue com o metro quadrado mais valorizado do Brasil e confirma sua força no segmento de altíssimo padrão.
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Fora do eixo catarinense, Curitiba aparece com 587 unidades vendidas, o que reflete um mercado mais maduro e diversificado, com produtos que vão de studios compactos a empreendimentos familiares em bairros consolidados. Já João Pessoa, com 156 unidades, simboliza a curva de crescimento constante do Nordeste, impulsionada por projetos modernos, voltados tanto a moradores locais quanto a compradores de outras regiões em busca de valorização e qualidade de vida em cidades litorâneas ainda com espaço para expansão.
Para o mercado imobiliário, o recado é duplo: por um lado, confirma a força do litoral catarinense em valorização; por outro, mostra que capitais consolidadas e novas fronteiras de expansão, como João Pessoa, também podem disputar espaço desde que combinem projeto, planejamento e inteligência comercial. Porto Belo, a “pequena gigante” do ranking, é símbolo desse novo ciclo.









