A indústria automotiva foi afetada durante a pandemia, principalmente pela interrupção de produção, no início de 2020, e depois por problemas de fornecimento de peças. Esse impacto trouxe a chamada crise de oferta, e apesar de todos os desafios econômicos pelos quais passam os consumidores, há demanda maior que oferta de carros: filas de espera mesmo com os sequenciais reajustes de preços.

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Mas o segmento premium de carros vive um mundo à parte. Desde que as pessoas ficaram impedidas de sair de casa e viajar, o setor de carros de luxo viu seus números crescerem acima da média. Famílias que antes gastavam em restaurantes e viagens, buscaram compensação em carros de luxo. 

BMW, Mercedes-Benz, Porsche e Volvo estão entre as marcas premium mais emplacadas no Brasil nos últimos anos.

Uma boa parte desse crescimento caminha junto com as inovações tecnológicas de veículos eletrificados – híbridos e elétricos, impulsionados pelas importadoras.

Um a cada quatro eletrificados vendidos no Brasil é de um associado à Abeifa
Um a cada quatro eletrificados vendidos no Brasil é de um associado à Abeifa (Foto: Abeifa)

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Abeifa: 11 marcas

Um recorte desse segmento é reunido pela Abeifa, associação de importadores de veículos. A entidade ainda representa “dissidentes” da Anfavea, como a Caoa Chery, que mais produz do que importa veículos e é associada, assim como a Jaguar Land Rover e Suzuki.

Das marcas premium, recentemente a BMW partiu para o guarda-chuva da Anfavea. Ainda é esperada a chegada da Ford à Abeifa, já que hoje só importa veículos.

De qualquer forma, os números da Abeifa são relevantes porque ela representa 11 marcas que respondem por cerca de 3,5% do mercado brasileiro, entre nacionais e importados – Aston Martin, BYD, Caoa Chery, Jac, Jaguar, Kia, Land Rover, McLaren, Porsche, Suzuki e Volvo.

O market share das importadoras: Kia, que quer se tornar premium, está entre as mais vendidas junto com Volvo, Land Rover e Porsche
O market share das importadoras: Kia, que quer se tornar premium, está entre as mais vendidas junto com Volvo, Land Rover e Porsche (Foto: Abeifa)

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Balanço e perspectivas

Em todo o ano de 2021, as vendas de carros importados cresceram 20,4% (245.648), em relação a 2020. Já entre as 11 marcas da Abeifa, houve queda de -0,7% nos emplacamentos, somando 22.321 unidades.

Já o primeiro bimestre deste ano vem impondo desafios a todo mercado. No geral, autoveículos tiveram retração de -26,2% nas vendas em relação ao mesmo período de 2021. Os importados (por Abeifa e Anfavea), por sua vez, tiveram crescimento de 10,8% nesses dois primeiros meses do ano.

João Henrique Oliveira, presidente da Abeifa, enxerga uma tendência de melhora, embora suas marcas tenham apresentado queda de -36,8% no bimestre numa conjunção de fatores: problemas de disponibilidade, de transição de produtos em virtude das novas regras de emissões (Proconve L7) e desafios na renda das famílias (inflação e aumento de restrição ao crédito) são citados pelo executivo.

Vendas tímidas e preços nas alturas

Redução de IPI, retomada dos estoques e estabilidade cambial fazem Oliveira estimar que os importados avancem cerca de 2% este ano no país. “Acredito que já chegamos ao fundo do poço e agora, com medidas de estímulo e retomada dos estoques, devemos retomar a partir de agora”, avalia o presidente da Abeifa.

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Por ora, apenas a Kia anunciou redução nos preços dos veículos após redução do IPI para a indústria, incluindo a automotiva, pelo governo federal. “Cada marca vive sua situação muito particular. Algumas de nossas associadas estão trocando produtos, com os quais já tinham suas estratégias comerciais pensadas, então entendo que cada uma delas deve estar avaliando e interpretando o quanto a redução de IPI muda seus planos”, afirmou Oliveira.

A Volvo foi a importadora da Abeifa que mais emplacou carros no bimestre. O modelo XC60 teve 396 unidades licenciadas – 37 deles em Santa Catarina – e o XC40, 308 (26 em SC). Levando em conta que o agora 100% elétrico XC40 custa R$ 409.950 e o XC60, R$ 399.950, o mercado premium tende mesmo manter as boas vendas.

Outro importado de luxo, o Macan, foi o Porsche mais vendido neste início de ano com 102 unidades emplacadas no país, ou 11 em Santa Catarina. O esportivo tem versões que vão de R$ 415 mil a R$ 635 mil.

A Land Rover também se destacou com o Defender (129 vendidos no país e 11 por aqui, com preços a partir de R$ 522 mil) e Range Rover Sport, a partir de R$ 619 mil (159 emplacamentos).

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Volvo XC60 foi o importado de luxo mais emplacado em SC neste bimestre
Volvo XC60 foi o importado de luxo mais emplacado em SC neste bimestre (Foto: Volvo)

Conflito na Ucrânia

Em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia, existem chances de um impacto em nosso mercado, devido à toda a parte econômica e as sanções que podem impactar no equilíbrio econômico da Europa.

Além disso, a Ucrânia é fornecedora de componentes para veículos, e essa crise pode gerar instabilidades e interrupções em linhas de produção. “Uma de nossas associadas, por exemplo, tem a Ucrânia como forte fornecedora de cabos e chicotes e estamos atentos do quanto isso pode afetar e gerar interrupções na cadeia produtiva. Além disso tem todo o impacto econômico na Europa se o conflito se desdobrar por mais tempo”, conclui João Henrique Oliveira.

Destaques do NSC Total