A igreja evangélica Bola de Neve em Balneário Camboriú está no centro de uma série de denúncias que ganharam repercussão nacional depois que o cantor Rodolfo Abrantes, ex-vocalista da banda Raimundos, gravou um vídeo em que fala de supostos “abusos psicológicos” sofridos por ele e a mulher quando integravam a denominação religiosa, de onde saíram em 2011.
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Antes dele, a mulher, Alexandra Abrantes, já havia feito publicações com o mesmo teor nas redes sociais. Os depoimentos do casal ocorreram após outro ex-membro da Bola de Neve ter feito denúncias que envolveriam suposto desvio de recursos materiais.
O assunto foi parar no Ministério Público, já que a igreja estaria ligada ao instituto mantenedor da Casa das Anas, local de acolhimento para mulheres vítimas de violência, que tem convênio com a prefeitura de Balneário Camboriú. No início da semana, o promotor Jean Forest, responsável pela área da moralidade administrativa, instaurou um procedimento inicial para apurar o caso.
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As denúncias têm implicação política em Balneário Camboriú. O pré-candidato escolhido pelo prefeito Fabrício Oliveira (PL) para disputar as eleições pelo PL, o jornalista Peeter Lee Grando, é pastor da Bola de Neve. O nome dele não foi citado em nenhuma das denúncias e ele não faz parte do comando da igreja – mas há preocupação no partido de que a repercussão do caso jogue um balde de água fria na pré-candidatura.
Relembre a trajetória de Rodolfo Abrantes, ex-Raimundos:
Há uma força-tarefa em curso para viabilizar a candidatura de Peeter, que é um estreante nas urnas e desconhecido do eleitorado em Balneário – o PL aposta no “fator Bolsonaro” e na transferência de votos de Fabrício, que tem um bom índice e aprovação. O pré-candidato tem passado por “aulas” sobre a administração atual, e até por um banho de loja, que o deixou fisicamente mais parecido com o atual prefeito.
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A escolha de Peeter por Fabrício já havia causado um racha interno no partido. O prefeito teve a prerrogativa de fazer a escolha com respaldo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que pediu ao governador Jorginho Mello (PL) que deixasse a sucessão de Balneário Camboriú nas mãos de Fabrício. Bolsonaro atendeu a um pedido do pastor Silas Malafaia, a quem pastores próximos a Fabrício pediram apoio.
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Em nota, Peeter Lee diz que as denúncias têm o objetivo de atingir sua pré-candidatura e saiu em defesa dos pastores que comandam a Bola de Neve em Balneário:
“Penso que apresentar denúncias desse tipo, neste momento, é evidente que tem por objetivo atingir a minha pré-candidatura. Tudo muito orquestrado, tudo muito articulado no tempo e no conteúdo. Contudo, não acredito que o objetivo dessas pessoas será alcançado, pois pauto minha conduta pelos mais sólidos valores morais e éticos, o que me deixa a consciência tranquila. Agora, conheço a idoneidade dos meus pastores e da igreja que congrego há 20 anos. A tentativa de os atacarem para me atingir é covarde e dá claros sinais da velha política que me posiciono totalmente contra.”
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Os pastores Natanael e Ana Paixão, que comandam a igreja em Balneário Camboriú, também se manifestaram em nota e disseram que as atividades assistenciais nunca foram impostas aos membros.
“Esclarecemos aos devidos fins que servimos como Pastores da Igreja Bola de Neve em Balneário Camboriú há mais de 20 anos e, como interessados em projetos de impacto social positivo, atuamos em algumas frentes no nosso município que não são da Igreja Bola de Neve e nem possuem relação nenhuma com o ministério”.
“Infelizmente, o Instituto Ipê nunca chegou a acontecer, não conseguimos os recursos financeiros necessários para viabilizar os trabalhos. Assim, apenas de forma simples e com ações sociais pontuais, avançamos para treinar e auxiliar mulheres da nossa comunidade. Nunca tivemos retiradas financeiras do Ipê. Pelo contrário, sempre doamos a nossa vida, tempo e muito amor para que ele avançasse”.
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“Todos os projetos e ações sociais em que nos envolvemos sempre foram feitos em amor e em comunidade, junto com outros irmãos da fé. Nunca de forma forçada ou imposta nos nossos cultos da igreja local”.
A Igreja Bola de Neve afirmou lamentar os relatos que pessoas que se desligaram da instituição:
“A Igreja Bola de Neve lamenta profundamente o descontentamento e a repercussão de notícias e materiais nas mídias sociais que expõem o desagrado de pessoas que já frequentaram a instituição. Ao longo dos 25 anos de atuação do ministério e com mais de 500 igrejas espalhadas no Brasil e mundo, os trabalhos sempre foram feitos em uma conduta transparente e honesta para que o resultado final fosse a transformação da sociedade. O coração e as obras de todos continuam iguais: servir a Deus e a comunidade da melhor forma possível. Como ministério, a Igreja Bola de Neve está se esforçando para ser aperfeiçoada em gestão, base doutrinária, capacitação de obreiros e, principalmente, no temor a Deus. Quem perde neste cenário tão triste são milhares de pessoas que já foram ou teriam a chance de serem transformadas pelo poder de Deus”.
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