Terminada a terceira passagem da Volvo Ocean Race por Itajaí, a Marina Itajaí, que recebeu barcos de amantes da vela vindos de todo o mundo nas últimas semanas, dará início a um projeto de expansão. A montagem de uma nova linha de flutuantes abrirá espaço para 100 novos barcos, o que elevará a capacidade da marina para 430 embarcações. O crescimento coincide com a retomada do mercado náutico, que após ter passado pelas águas desafiadoras da crise, volta a navegar em mar de almirante.

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Mercado considerado ainda exclusivo, que atrai uma parcela de consumidores bastante atenta à flutuação da economia, a náutica também reage com relativa rapidez à retomada da confiança. O primeiro sinal apareceu em setembro do ano passado, no São Paulo Boat Show, quando 300 embarcações foram vendidas _ número acima do esperado.

Nas marinas, desde o último trimestre de 2017 a procura por vagas começou a crescer. Em Itajaí, o aumento foi de 15%. Todo mês, em média cinco novos barcos vindos de todo o Brasil passam a ocupar vagas no empreendimento.

Na Marina Tedesco, em Balneário Camboriú, a procura aumentou 30% desde o final de 2017. E os barcos que chegam são cada vez maiores _ sinal de que os clientes tradicionais voltaram a investir em novas embarcações

_ O pessoal começa com um barco pequeno, gosta da brincadeira e troca por um modelo maior _ diz o empresário Júlio Tedesco, proprietário da marina.

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Durante a crise, a procura por vagas estacionou. Mas a recente chegada dos barcos maiores obrigou a marina a aumentar a oferta de espaço na água. E embarcações com até 56 pés, que até então usavam "vagas molhadas", passaram a ocupar vagas secas.

Diante disso, a Marina Tedesco teve que agilizar a abertura de vagas em um novo espaço de concessão, junto ao Molhe da Barra Sul. Este mês já eram 10 barcos na fila de espera. A maioria dos clientes é catarinense. Mas também há muitos proprietários do Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, e até do Acre que mantêm os barcos em Balneário Camboriú.

Para abrir o novo espaço, o empreendimento aguardou a consolidação de Balneário Camboriú como destino de cruzeiros. Como o atracadouro onde desembarcam os turistas fica próximo das vagas, a ideia era ver, primeiro, como funcionaria a logística dos transatlânticos. A ocupação das vagas só começou de fato quando a empresa entendeu que não haveria risco para nenhuma das atividades.

O cenário parece promissor a ponto de a empresa ter decidido retomar este ano seu salão náutico, que não ocorreu em 2017.

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Salão náutico cresce

Os salões náuticos são o maior termômetro para o aquecimento da náutica no Brasil. O da Marina Itajaí, que terá sua terceira edição em julho deste ano, aposta no crescimento. O espaço reservado para o evento será 30% maior do que o da última edição _ e a procura já é grande. Somente na área de vagas molhadas, onde ficam as maiores embarcações, 90% dos espaços já foram reservados. Em 2017 o salão movimentou R$ 60 milhões em negócios.

Gigantes de luxo

A procura por barcos cada vez maiores e mais luxuosos fez a italiana Azimut, que tem estaleiro em Itajaí, levar modelos de 83 e 74 pés para expor no Rio Boat Show, que termina neste fim de semana no Rio de Janeiro. As duas embarcações, voltadas a um público seleto (capaz de pagar de R$17 milhões a R$ 20 milhões por um iate) são apostas da empresa para o mercado brasileiro.

Enquanto o período era de “vacas magras” no Brasil, a empresa apostou na produção de barcos para exportação. A estratégia deu certo: o estaleiro foi o único entre os internacionais a manter a produção por aqui durante o pico da retração econômica. Agora, a hora é de voltar a olhar par o mercado brasileiro.

Esportivo

Outro estaleiro a apostar em lançamentos é o itajaiense Fibrafort. Durante o auge da crise a empresa, que havia investido no crescimento da produção quando foi surpreendida pela queda, entrou em recuperação judicial. O processo está em fase avançada, com o plano de recuperação já em prática, e o estaleiro acaba de lançar para o mercado um novo modelo. O barco F420 Gran Coupé, de 42 pés, tem pegada esportiva pensada para os clientes jovens. Um novo nicho de mercado, que converge com a abertura para novos clientes.

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