O anúncio do governador Carlos Moisés (PSL) da manutenção da quarentena em Santa Catarina após videoconferência com prefeitos, neste domingo, não surpreende. A senha para a tomada de decisão foi dada no sábado, quando Moisés afirmou, em coletiva de imprensa, que a reabertura do comércio e serviços dependeria de recursos do governo federal para a saúde, que ainda não vieram.
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A expectativa era que a reavaliação fosse anunciada na segunda-feira. Veio mais cedo, o que demonstra que não havia perspectiva de mudança de cenário em curto prazo.
Moisés admite possibilidade de voltar atrás e manter quarentena por coronavírus em SC
Oficialmente, a demora do governo federal em ceder aparelhagem para aumentar a quantidade de leitos de UTI no Estado – Moisés anunciou que quer ter mais 700, em 30 dias – além do atraso no envio de materiais como máscaras e luvas para as equipes médicas, que trabalham na linha de frente de combate ao coronavírus, são motivos mais do que suficientes para cancelar o ensaio de “retorno à normalidade”. Mas pode ter pesado na decisão do governo o impacto que as falas do presidente Jair Bolsonaro tiveram sobre parte da população.
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Nos últimos dias, a movimentação nas ruas começou a aumentar. Não há comércio aberto, nem parques, e ir à praia está proibido. Mesmo assim, muita gente relaxou as medidas de isolamento social. E foi às ruas, em carreatas, apoiando a retomada.
Que consequência teria, neste momento, a reabertura das lojas e dos serviços? Quantos catarinenses poderiam manter, e cumpririam, as recomendações de permanecer em casa? Com quem ficariam os filhos dos pais que precisassem voltar a trabalhar? Como os trabalhadores se deslocariam para o trabalho, se o transporte público permaneceria suspenso? Qual o contingente sujeito à contaminação com o coronavírus, que precisaria acorrer aos hospitais?
São muitas as perguntas sem resposta. O fato é que o plano de retomada da economia, aplaudido por parte do empresariado, foi duramente criticado por especialistas e por uma boa parte dos catarinenses, que diante do cenário mundial consideram prudente manter o isolamento para reduzir a curva de contágio. A reabertura viria cedo demais.
Diante da pressão, que veio inclusive, e fortemente, das redes sociais, e do impacto que a contaminação em massa pode trazer ao sistema de saúde – o que se traduz em perigoso desgaste político – Moisés voltou atrás. Prevaleceu o bom senso.
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Tem razão o governador ao dizer que, sem ampliação do sistema de saúde, a “volta à normalidade” é inviável. Resta acompanhar se a reação do empresariado será pressionar novamente o Estado, para que atropele os números, ou o governo federal, para que cumpra seu papel e ajude a melhorar as condições de Santa Catarina responder a um salto de contaminações.
A pergunta a ser respondida, no entanto, é se há meios de equipar os sistemas de saúde suficientemente e a tempo, para evitar o colapso. Diante da experiência de países mais estruturados que o Brasil, a resposta parece ser não. Nesse caso, pelo bem de todos, é melhor ficar em casa.
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