As revelações trazidas pelo Inquérito do Golpe da Polícia Federal, que aponta a articulação de militares de alta patente para tomar o poder e conspurcar a democracia, apontam que, pelo bem das próprias Forças Armadas, é hora de punir o golpismo e expurgar aqueles que se afastam da legalidade.

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O golpe cívico-militar que estava em curso só não teve êxito, segundo a própria PF, porque militares ciosos de seu dever resistiram a aderir à sanha golpista. A começar pelo general Freire Gomes, escolhido pelo então presidente Jair Bolsonaro para comandar o Exército.

Na última quarta-feira, o comentarista Octavio Guedes, da GloboNews, trouxe informações de bastidor que mostram como Freire Gomes e outros generais atuaram em uma espécie de contragolpe junto às tropas, desde o primeiro semestre de 2022 – evitando uma adesão maciça que atingiria em cheio a democracia brasileira.

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Em nome daqueles que se mantiveram fiéis à Constituição e ao Estado Democrático de Direito, é obrigatório que o Brasil puna quem usou a farda e o poder para tentar dar um golpe. É um movimento que o país evitou na década de 1980, na redemocratização. A anistia aos criminosos da ditadura fez com que a semente do golpismo permanecesse brotando entre uma parte das Forças Armadas brasileiras.

É preciso separar o joio do trigo. Diferenciar os golpistas daqueles que cumpriram seu dever. É a devida punição a quem ousou atacar a democracia que servirá de vacina contra nova investidas antidemocráticas nos quartéis. Em uma instituição fechada e hierárquica, é a força do exemplo que será capaz de frear novos desvios.

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Em tempo: muitos especialistas têm falado sobre a necessidade de alterar o texto do Artigo 142 da Constituição. A redação dá margem a interpretações equivocadas, de que as Forças Armadas teriam um poder moderador que não lhes compete. Esse equívoco reverbera na caserna e dá munição ao golpismo. Não foi por acaso que o plano para manter Bolsonaro no poder, encontrado pela PF e incluído no inquérito, foi chamado de Operação 142.