O deputado estadual Sargento Lima (PSL) atacou nesta quarta-feira (13) os catarinenses que estão seguindo as regras recomendadas pelas autoridades de saúde para proteção contra o novo coronavírus. Durante a votação do projeto de lei que autoriza a retomada do transporte coletivo, de sua autoria, o parlamentar ironizou quem cuida da própria saúde e disse que são pessoas sem “coragem”:
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“Quem vai construir o futuro do estado de SC serão os homens de coragem. Não as pessoas que estão se lambuzando de álcool gel, atochando uma máscara no rosto e escondidos embaixo de uma cama feito mocinhas na menarca”.
A fala foi rebatida por outros parlamentares – inclusive pelos que votaram a favor do projeto, que acabou aprovado. Moacir Sopelsa (MDB) falou da situação de Criciúma, onde, segundo relatou, a ocupação dos leitos de UTI se aproxima dos 100%.
“Não é com coragem que se enfrenta a pandemia, e nem com força. A gente enfrenta a doença com fé, mas essa pandemia não está escolhendo se a pessoa é humilde, portadora de fortunas ou pobre. Está atacando em todos os sentidos”, respondeu.
Maurício Eskudlark (PL) falou que são necessários os cuidados, e Neodi Saretta (PT) defendeu as medidas de isolamento social. Luciane Carminatti (PT) foi mais longe. Pediu a palavra e se disse diretamente ofendida pelas palavras de Sargento Lima:
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“Não se trata de ser mocinha ou ter coragem. Que quem utiliza álcool gel, que são milhares de pessoas no mundo inteiro, não são menos homens ou menos mulheres. Temos que ter cuidado e não baixar o nível – reclamou.
A fala do deputado pode ser vista a partir de 2h2min de gravação. Confira:
Expressar opiniões em plenário faz parte das funções dos deputados. Mas estimular comportamentos que colocam em risco a vida dos catarinenses, com a sobrecarga dos sistemas de saúde, é irresponsável.
Para respaldar sua posição, Sargento Lima, que é policial militar, disse que os infectologistas erraram em suas previsões porque não estamos vivendo um “apocalipse zumbi”.
O deputado deveria saber que medidas como o uso de álcool gel e máscaras pelos catarinenses – aqueles mesmo, que ele chama de pessoas sem coragem – ajudou muito a afastar as previsões estatísticas mais sombrias.
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A fala de Sargento Lima não é apenas de um tratado de desinformação. Mas um desrespeito com quem se preocupa com a própria saúde e com a saúde dos outros, cumpre as regras e, mais importante: paga seu salário.
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