O começo dos novos governos nacional e estadual em meio a uma situação mais difícil de receitas públicas causa apreensão a entidades do agronegócio, setor competitivo mundialmente, mas com mais obstáculos desde 2022. O presidente do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne), José Antônio Ribas Júnior, diz temer tributação de insumos ao setor e retirada de estímulos para produção de alimentos.
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– As entidades do agronegócio estão preocupadas com algumas medidas que o novo governo pode implementar, como a tributação de insumos agrícolas e a retirada de alguns estímulos ou desonerações fiscais na indústria de alimentos – afirma Ribas, em matéria divulgada pela assessoria da entidade.
Segundo ele, a expectativa é de que o governo vai analisar com muita responsabilidade eventuais medidas e ouvir os representantes do setor antes de qualquer movimento.
A preocupação do líder do Sindicarne faz sentido porque tanto o governo estadual, quanto o federal informaram que analisam medidas para elevar a arrecadação de impostos.
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No caso do Estado, a receita caiu devido à redução do ICMS para combustíveis, energia e teles e a equipe do governador Jorginho Mello sinalizou que vai analisar incentivos que são desnecessários. A renúncia fiscal por meio de benefícios este ano, em SC, é estimada em R$ 20 bilhões. No meio disso, tem incentivo que beneficia consumidor de alto poder aquisitivo, como a isenção de ICMS para filé mignon e picanha.
No governo federal, as medidas anunciadas dia 12 deste mês pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para elevar receita visando reduzir o déficit primário de R$ 231 bilhões previsto para este ano não incluem, a princípio, corte de incentivos fiscais. Mas tem a promessa da reforma tributária este ano, fonte de preocupação de setores que se destacam na economia.
Conforme Ribas, o ano de 2022 foi de altos e baixos para o setor, o que gerou resultado aquém das expectativas. A média do faturamento e de margens de lucro obtida com vendas internas e externas ficou aquém do desejado pelo setor, impactado por altos custos de matérias-primas e insumos.
No mercado brasileiro, o preço médio das carnes ao consumidor subiu 1,84% em 2022, segundo o IPCA, que mede a inflação oficial calculada pelo IBGE. Os preços médios de carne suína caíram -0,25% e da carne de frango em pedaços subiram 4,32% enquanto o custo de alimentos no IPCA teve alta de 11,64% no ano.
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No mercado externo, as vendas de proteína de aves cresceram 4,6% em volume e 27,4% em receita. A carne suína caiu lá fora -1,4% em volume e -2,6% em receita. Esses dados, segundo Ribas, não foram suficientes para animar o setor a investir em grandes projetos.
Apesar da situação difícil, o líder empresarial deixa claro que o setor vê perspectivas positivas para o agro brasileiro no mundo. Afinal, o planeta chegou ao recorde de 8 bilhões de habitantes, dos quais quase 1 bilhão não têm alimentação suficiente.
Para Ribas, a crise econômica no mundo gerou inflação e isso pode ser oportunidade ao Brasil. Segundo ele, o país pode atender o mundo de forma sustentável. O novo governo federal está tomando medidas para conter desmatamentos e difunde lá fora as condições sustentáveis da produção brasileira.
Na avaliação do presidente do Sindicarne, o agro é um setor que precisa ser ouvido e apoiado porque é um dos poucos que garantem o desenvolvimento econômico e social no interior do Brasil, com a geração de emprego e renda.
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Ribas destaca que as cidades que sediam agroindústrias têm Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais elevado do que a média. Entre as medidas econômicas anunciadas pelo governo federal, ele elogia a intenção de reindustrializar o país. Considera que, nas últimas décadas, o setor não teve a atenção necessária no Brasil, enquanto o mundo lá fora cresceu com o desenvolvimento industrial, em especial a Europa e a China.
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