Os números do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2017, divulgados ontem pelo Ministério da Educação, são preocupantes. Os estudantes do ensino médio do Brasil não atingiram a nota mínima de 4,7. Conseguiram apenas 3,8. No caso do ensino fundamental, a média ficou em 5,8 superando a meta de 5,5. Santa Catarina ficou acima da média, liderando no ensino médio com nota 5,2.  Nos anos finais do ensino fundamental, o Estado atingiu nota 5,7 enquanto a meta era  5,0, e nas séries iniciais do ensino fundamental conseguiu 6,0 para uma meta de 5,5. Estudantes de instituições privadas, com metas mais elevadas, também ficaram aquém do estipulado para a média do país.  

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Essa série de notas baixas mostra que o Brasil corre o risco de continuar enfrentando expressivo atraso quando o assunto é desenvolvimento econômico com produtividade, competitividade global e inovação. Conhecimento em matemática, ciências e idiomas significa mais pesquisa, desenvolvimento, criatividade e condições para avançar no mercado internacional. 

A Federação das Indústrias do Estado (Fiesc) é uma das primeiras entidades do país que acordaram para isso há alguns anos. Criou o Movimento Indústria pela Educação, que resultou no Movimento Santa Catarina pela Educação. Estão sendo registrados avanços, especialmente na educação de trabalhadores, mas Santa Catarina e o Brasil precisam de uma mudança para melhor mais rápida e elevada na educação. Semana passada, quando o Movimento entregou o Prêmio SC pela Educação, o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, citou estudo da Fundação Getúlio Vargas, segundo o qual, se o Brasil tivesse as mesmas taxas de investimentos da Coreia do Sul em educação desde 1950, seria pelo menos 18% mais rico do que é hoje. Mas se apresentasse as mesmas taxas de escolaridade que as do país asiático, seria 40% mais produtivo. Ou seja, a Coréia está sendo muito mais eficiente em entregar conhecimento com recursos limitados. 

Ainda ontem, aqui no jornal, o economista Ricardo Amorim, em entrevista que me concedeu, alertou para o erro do Brasil de investir a maior parte dos recursos públicos no ensino superior e não no ensino básico. Destacou também que de cada R$ 10 que o Brasil investe em crianças e adolescentes até 15 anos e em pessoas acima de 65 anos, gasta R$ 9 com os idosos e apenas R$ 1 com os que têm até 15 anos. A Coreia do Sul gasta R$ 5,5 com crianças e jovens até 15 anos e R$ 4,5 com os idosos. O problema do Brasil são as aposentadorias caras, que tiram dos pobres para dar para mais ricos. O equilíbrio do país asiático permite que todos ganhem bem. E também o trabalhador mais qualificado consegue maior remuneração. 

Agora é o momento de cobrar dos candidatos à presidência da República e ao governo do Estado ações concretas para corrigir esses erros nos investimentos públicos. Já estão fazendo muitas promessas, mas nada de programas claros, para serem efetivamente executados. Vale alertar também professores, estudantes e familiares que, para aprender, é preciso dedicar mais horas de estudo. Além disso, é necessário reduzir o número de disciplinas e ampliar o número de exercícios para as mais importantes. A repetição é fundamental. Quando todas as crianças e jovens brasileiros tiverem desempenho escolar semelhante a de países desenvolvidos, o desenvolvimento econômico e social será melhor no país. 

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