À frente da indústria de um dos estados mais afetados pelo tarifaço dos Estados Unidos, a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) afirmou que vê como positiva a conversa, na manhã desta segunda-feira, entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A entidade destacou que considera fundamental que o tema evolua em um ambiente de diálogo técnico e equilibrado, pautado por soluções que preservem a competitividade da indústria brasileira e o bom relacionamento comercial entre os dois países.
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– A indústria catarinense segue acreditando que o caminho para a superação desse impasse é o diálogo qualificado, com serenidade e foco em resultados concretos. É importante que as conversas avancem com base em critérios técnicos, como sempre defendemos – destacou em nota Gilberto Seleme, presidente da Fiesc.
Um aspecto destacado também pela entidade são as lideranças que foram apontadas pelos presidentes para dar continuidade às negociações. Do lado brasileiro é o vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e do lado da Casa Branca, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio. Na avaliação da Fiesc, essas escolhas indicam que as negociações terão continuidade com base em argumentos econômicos, setoriais e técnicos, não em posicionamentos ideológicos.
Desde o anúncio da sobretaxa, que somou 50% para o Brasil e para a grande maioria dos produtos exportados por Santa Catarina, o estado vem perdendo empregos e negócios. As reduções são maiores principalmente no setor de madeira e móveis.
– O comércio internacional precisa ser uma ferramenta de desenvolvimento mútuo. É isso que esperamos das negociações: equilíbrio, previsibilidade e segurança para quem produz e exporta – afirmou também Seleme.
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A Fiesc realizou um amplo estudo com cenários sobre o impacto do tarifaço para a economia do estado. Na projeção menos negativa, com queda de exportações em 30% no período de um a dois anos, o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado teria uma queda de R$ 1,2 bilhão. Também impactaria no fechamento de 20 mil empregos e perda de R$ 171,9 milhões em arrecadação de ICMS, o principal tributo do estado.
Para apoiar as empresas, a exemplo dos governos federal e estadual, a Fiesc lançou um programa chamado desTarifaço. Ele inclui apoio às empresas para buscar novos mercados e qualificação de trabalhadores entre outras medidas.
Desde que foi anunciado, em 6 de julho, o tarifaço está gerando impactos diferentes para empresas dependendo de cada setor. Algumas que exportam mais tecnologia estão sendo menos afetadas.
Industriais esperam que as negociações evoluam para o fim da taxação de 50%, trazendo de volta ao Brasil uma tarifa média de 10%, como a anunciada na primeira etapa de tarifas por Donald Trump. As empresas estão se esforçando para manter atividades e as vendas aos EUA. Para isso, estão tomando recursos emprestado do programa Brasil Soberano do BNDES. Em pouco mais de uma semana, indústrias de SC haviam contratado R$ 316,1 milhões desse programa junto ao banco.
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Acij vê caminho para conciliação
A primeira conversa entre os presidentes Lula e Trump sobre o tarifaço ao Brasil foi vista pelo presidente da Associação Empresarial de Joinville (Acij), Guilherme Bertani, como um alento. Ela abriu o diálogo para uma conciliação entre dois parceiros históricos, avaliou o empresário, que está à frente da entidade que representa mais de 70% dos empregos formais da maior cidade catarinense.
– Entendemos como fundamental esta abertura de diálogo para a busca de uma solução concreta para esta crise decorrente do enorme aumento das tarifas americanas sobre produtos brasileiros. A evolução deste começo de conversa, com critérios técnicos, será o melhor caminho para que uma conciliação entre dois parceiros históricos – destacou o presidente da Acij, Guilherme Bertani.
– As empresas necessitam de um comércio internacional saudável para gerar mais renda, empregos, tributos e crescimento econômico. Nosso governo precisa colocar o bem-estar da nossa sociedade acima de qualquer visão ideológica. A história mostra que a sociedade acaba pagando um preço muito elevado sempre que a política se intromete na economia – afirmou também o industrial.
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