Ensino superior
Cem dias depois de interromper as aulas presenciais em obediência ao decreto estadual que impôs quarentena aos catarinenses, a Furb projeta o segundo semestre com ao menos parte dos estudantes em sala.
A proposta é transmitir as aulas ao vivo pela internet para quem não puder ou não quiser comparecer devido à pandemia de Covid-19. Tudo condicionado ao aval das autoridades de saúde.
— Não teremos salas cheias, isso é certo — prevê a reitora Marcia Sardá Espíndola.
Apesar das restrições impostas ao trabalho acadêmico, a universidade comemora a inadimplência de apenas 11% no período, pouco acima dos usuais 9%. Há instituições da Acafe amargando até 38%, segundo Marcia. Para atingir o resultado, foi necessário flexibilizar a renegociação de dívidas, o que diminuiu a receita imediata.
Também não há sinais de grande evasão, mas a prova de fogo virá no período de rematrícula, em julho. A gestão da universidade está confiante com o novo momento:
— A Furb não é mais a mesma e nem voltará a ser como era.
Impressiona a velocidade com que a Furb deixou para trás o tabu do ensino online. Uma transformação que há anos encontrava resistências aconteceu em poucos dias. O calendário acadêmico praticamente não foi prejudicado.
Ouvi professores de diferentes centros de ensino. A avaliação é de que o sistema de aulas pela internet trouxe sobrecarga de trabalho, agravada neste fim de semestre, mas funcionou melhor do que o esperado.
Um estudo conduzido pelos professores Maiko Spiess, Marcos Mattedi e Leandro Ludwig, do Núcleo de Estudos da Tecnociência, sondou estudantes da Furb por duas vezes, em abril (1.045 respostas) e maio (619) sobre o que chamam de "recessão social". A pesquisa identificou adaptação rápida às aulas mediadas por computador, mas também o desejo de retomar encontros presenciais.
— Estamos entendendo que o aluno quer vir para a universidade, interagir com as pessoas, mas não necessariamente precisa de aula teórica em sala — analisa Mattedi.
Para o professor, as universidades estão conseguindo desenvolver em semanas, no tranco, o que levariam anos para transformar. Por outro lado, há preocupação com uma fadiga dos estudantes, e também dos professores, sob a avalanche de informações mediadas por tecnologias digitais.
Fenômeno que talvez apareça nos resultados de uma terceira rodada da pesquisa, a ser realizada ainda neste semestre.
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