Hospitais da região de Blumenau adotaram a dexametasona como uma das opções de tratamento contra a Covid-19 nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs). A medicação ganhou destaque na semana passada, após um estudo da Universidade de Oxford, no Reino Unido, apontar que ela pode reduzir em até um terço a mortalidade de pacientes intubados.
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A dexametasona é um tipo de corticoide com efeito anti-inflamatório que, em altas doses, também funciona como imunossupressor. É bastante difundida entre os médicos e usada no tratamento, por exemplo, de doenças autoimunes e certos tumores.
Nos casos graves de Covid-19, o medicamento ajuda a conter reações exageradas das defesas do organismo contra o vírus, as chamadas “tempestades inflamatórias”. A dexametasona não é indicada no tratamento de casos leves e só deve ser ministrada por médicos no ambiente hospitalar.
Desde que os resultados prévios do estudo britânico foram divulgados, o Hospital Santo Antônio e o Hospital Oase, de Timbó, incluíram a dexametasona entre as possibilidades de tratamento da Covid-19 nas UTIs. Ambos disseram que é cedo para fazer qualquer avaliação.
O Hospital Santo Antônio vem colaborando com uma série de estudos clínicos sobre a Covid-19. Há cerca de 45 dias, antes mesmo do trabalho britânico vir a público, a instituição iniciou uma pesquisa com dexametasona em parceria com hospitais Brasil afora. Cerca de 350 pacientes brasileiros devem ser analisados.
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Hidroxicloroquina
Além da dexametasona, o Hospital Santo Antônio integra estudos nacionais sobre hidroxicloroquina, azitromicina e o anticoagulante rivaroxabana.
“Como a Covid-19 é uma doença nova, precisamos testar vários medicamentos para encontrar um que traga resultados”, explica Adrian Kormann, médico responsável pelas pesquisas em Blumenau.
No caso da hidroxicloroquina, são dois estudos. O primeiro envolve pacientes internados, mas sem a necessidade de ventilação mecânica. Eles recebem o medicamento combinado ao antibiótico azitromicina. Cerca de 700 pacientes voluntários participaram da pesquisa no Brasil, que deve divulgar resultados em cerca de 10 dias.
O segundo estudo com hidroxicloroquina procura descobrir se há vantagens na administração do medicamento nos casos em que os sintomas ainda não exigem internação. O estudo envolverá 1,3 mil pacientes de 50 hospitais. Quinze voluntários já participaram em Blumenau.
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No caso da rivaroxabana, serão 300 pacientes em todo o Brasil. O estudo procura descobrir se o anticoagulante é útil para evitar que inflamações provocadas pelo vírus criem coágulos em artérias e veias.
Segundo Kormann, os estudos em Blumenau caminham mais devagar devido à quantidade (felizmente) limitada de pacientes graves, que exigem intubação.
“Muito da ansiedade dos pacientes é por tudo o que foi relatado ao redor do mundo. Criou-se um medo, que é válido, mas um pouco desproporcional à gravidade dos casos que estamos observando aqui”, avalia o médico.
O Hospital Santa Isabel disse que “As informações sobre tratamento e atendimento de Covid-19 são restritas aos pacientes e órgãos de saúde”. A Secretaria Municipal de Saúde informou que a aplicação da dexametasona é rotineira nos hospitais da cidade e que o uso dela fica a critério do profissional médico.
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