O Figueirense tenta nesta segunda-feira diante do Guarani, fora de casa, a segunda vitória em sete rodadas na Série C. A meta é iniciar uma sequência de resultados positivos na competição nacional, a mais importante da temporada e que guarda ainda a esperança do torcedor de um futuro melhor para o clube.
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Os resultados de campo podem ajudar muito na dura batalha da reconstrução do Figueirense, que parece interminável, que desanima o torcedor alvinegro e que é alvo das cobranças da torcida.
Figueirense, finalmente, fez sua estreia na Série C
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Maio começou turbulento e assustando ainda mais o torcedor do Figueirense. Foram realizadas mudanças significativas no clube, na gestão administrativa da SAF e no futebol. Teve CEO que saiu querendo colocar terror no torcedor e se vendendo como única solução possível para o clube. E o torcedor fica perdido, sem saber no que acreditar. Ainda mais com o processo desgastante da Recuperação Judicial do Figueirense, que parecia estar resolvida com a homologação, mas deu passos para trás com as últimas decisões da Justiça.
Confira imagens do Figueirense atual, sob o comando do técnico Pintado
Manifesto do Figueirense é apelo à sociedade e à Justiça
Na semana passada, a direção da SAF Figueirense divulgou um manifesto, que foi publicado aqui na íntegra, fazendo um apelo à sociedade e à Justiça, expondo as dificuldades do clube e o que ele representa com sua força e sua história.
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Agora é a vez do torcedor do Figueirense fazer o seu apelo. Eduardo Prado é um alvinegro fiel, que mora em Joaçaba, mas vive o Figueirense intensamente. Pai de dois meninos pequenos, que já fez igualmente alvinegros, Eduardo expressa na carta que publico abaixo e sua tristeza, a sua paixão, esperança, e questionamentos… que são certamente de muitos alvinegros como ele e que expressam também uma agonia que persiste nas incertezas atuais do Figueirense e do seu torcedor.
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Carta Aberta – A Quem Interessar Possa, Mas Principalmente ao Figueirense Futebol Clube
O torcedor do Figueirense chegou ao limite. E não é de hoje. São anos ouvindo as mesmas promessas, os mesmos discursos, os mesmos planos que nunca se concretizam.
“Quando vender a SAF, tudo vai melhorar…” Não melhorou. “Quando homologar a Recuperação Judicial, o clube vai deslanchar…” Não deslanchou.
E agora? Qual é a nova promessa? Qual é a nova justificativa?
Não é possível mais aceitar que a palavra “futuro” continue sendo empurrada para frente, enquanto o presente do clube é humilhante. O Figueirense virou, infelizmente, um clube acostumado à mediocridade. Acostumado a ficar fora de finais, a cair cedo em competições, a disputar a Série C como se fosse algo normal. Isso não é normal. Isso nunca foi, e nunca pode ser normal para quem carrega essa camisa.
E nesse cenário, surge uma pergunta que ecoa no peito da nossa torcida e que precisa, sim, ser feita de forma clara e direta:
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Onde estão os notáveis do Figueirense? Onde estão aqueles que sempre se apresentaram como grandes defensores da instituição? Onde estão aqueles que se diziam apaixonados pelo clube, que participavam dos momentos de vitórias, que apareciam nas fotos, nos camarotes, nos palanques? Sumiram? Desapareceram quando o clube mais precisa?
Enquanto isso, quem segue carregando o Figueirense nas costas é, como sempre, o seu maior patrimônio: a torcida.
Torcida que, mesmo vivendo esse cenário de absoluto abandono esportivo, segue marcando presença no Scarpelli. Somos, sim, um dos clubes de Santa Catarina que mais leva público ao estádio. Mesmo sem vitórias, mesmo sem grandes campanhas, mesmo sem títulos, nós estamos lá.
E mais: somos uma torcida que cobra, sim. Mas que cobra com respeito. Que protesta de forma pacífica, de forma correta, de forma digna. Porque sabemos o tamanho do Figueirense. Sabemos que cobrar é, também, uma forma de amar. Mas fica o questionamento:
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Até quando esses mesmos torcedores, que fazem sua parte, que vão ao estádio, que compram ingresso, que compram camisa, que incentivam, continuarão apoiando aqueles que não fazem por merecer?
E é aqui que cabe uma reflexão muito séria:
Fala-se muito sobre saúde financeira, sobre equilíbrio, sobre gestão responsável. E sim, isso é essencial. Nenhum clube sobrevive sem cuidar das finanças.
Mas o Figueirense não é uma loja. Não é um escritório. É um time de futebol. E assim como uma empresa que se vê à beira da falência e precisa decidir entre fechar as portas ou assumir um financiamento para modernizar seu maquinário, aumentar sua produção e se salvar, o Figueirense precisa entender que não existe recuperação financeira sem recuperação esportiva.
Sem resultados em campo, não há sócio, não há bilheteria, não há patrocinador, não há receita. O futebol é, antes de tudo, movido por paixão — e paixão se alimenta de vitórias, de títulos, de acessos, de esperança.
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Falo, também, como pai. Tenho dois filhos, Matteo, de 5 anos, e Lucca, de 3 anos. Crianças que nasceram Figueirense, que já vestem nosso manto, que vibram quando escutam falar do Figueira, que me perguntam sobre o time. E sabe, com toda sinceridade, qual é uma das maiores tristezas que carrego? A dificuldade imensa de explicar para eles por que o time que eles aprenderam a amar vive desse jeito. Por que não ganha? Por que não sobe? Por que não disputa finais? Por que o estádio, às vezes, parece triste, vazio de alegria, vazio de esperança?
O futebol precisa estar bem para que a torcida tenha continuidade. Um clube vive de suas conquistas, de seus momentos, de suas vitórias. O romantismo no futebol, o saudosismo de outros tempos, não sustentam mais nada em tempos de globalização, de profissionalização, de mercado agressivo.
Hoje, não há como manter uma chama acesa quando se oferece tão pouco fogo. A paixão precisa ser alimentada. E paixão, no futebol, se alimenta de vitórias, de acessos, de finais, de títulos.
E volto a dizer: se for preciso fazer dívida, que se faça. Se for preciso correr risco, que se corra. Se for preciso reforçar, contratar, apostar tudo, que se faça agora. Porque não há mais tempo.
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Aliás, não podemos esquecer outra pergunta que não quer calar:
Por quanto, afinal, foi vendida a SAF do Figueirense? Qual foi o preço da nossa história? Qual foi o valor colocado na nossa marca, na nossa torcida, no nosso passado, presente e — se nada mudar — no nosso futuro ameaçado? Porque basta olhar o mercado e ver clubes com torcidas menores, histórias menores, conseguindo negócios muito mais robustos, estruturados e transparentes.
O torcedor fez e segue fazendo sua parte. Agora é a hora do clube fazer a dele. Porque se esse grupo que está no comando não tem coragem, capacidade ou disposição pra fazer o que precisa ser feito, que tenha a hombridade de abrir espaço.
Ou sobe esse ano. Ou corre-se, sim, o risco real de não haver mais clube, de não haver mais torcida, de não haver mais futuro.
Respeitosamente, mas com toda dor e toda verdade que esse momento exige,
Um torcedor do Figueirense, que ama, sofre, acredita — mas que não aceita mais ser enganado.
Eduardo Luiz Doose do Prado
Joaçaba/SC