Áurea Pirmann, nascida e criada em ambiente de comércio e negócios da família, soma 33 anos de atuação profissional, dos quais, 23 anos no Shopping Mueller, com mais de dez anos na superintendência do empreendimento. Administradora  com MBA em Finanças Corporativas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV/Sociesc) também fez diversos cursos voltados ao varejo, shopping centers, finanças, marketing e gestão de pessoas, realizados pelas instituições Abrasce, Alshop, GS&MD – Gouvêa de Souza, Mixxer Desenvolvimento Empresária e FGV. Presidiu o Convention & Visitors Bureau Joinville e foi presidente da Associação Catarinense de Shopping Centers.

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A superintendente do Shopping Mueller, Áurea Pirmann é profissional de sucesso no segmento em que atua. Nesta entrevista, diz que o líder deve tornar as pessoas melhores. Entende que o sucesso se constrói com olhar atento às oportunidades e atitude para abraçá-las. Lembra do sociólogo Domenico Di Masi para argumentar: “no tempo de lazer podem surgir ideias para aprimorar os negócios”.

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O que caracteriza uma liderança?

O líder tem de ter bastante coragem para construir um pensamento visionário. Liderança é coisa inata nas pessoas – e muitos não descobriram isso em si mesmos. O líder – mesmo aquele que é líder informalmente – tem o foco da ação visando o bem comum. O líder é capaz de atrair as pessoas, alinhando os objetivos do grupo.

Qual é a importância disso?

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Isso cria sinergia e facilita alcançar resultados mais naturalmente. O líder tem conexão com o grupo, com a sua equipe. O líder faz as pessoas melhorarem. Ele reconhece, valoriza e recompensa as pessoas à sua volta. Este comportamento ajuda as pessoas a sentirem-se parte do negócio, parte da organização. As pessoas devem ter nome e rosto.

Áurea é superintendente do Muller Joinville desde 1996
Áurea é superintendente do Muller Joinville desde 1996 (Foto: André Kopsch / Divulgação)

O que aprendeu ao longo da vida executiva?

Áurea – Sozinho não se faz nada. Temos de estar ligados ao universo do shopping – e para além dele. Assim, tendemos a ter um pensamento ampliado. Também acredito de que o que você faz de significativo numa sociedade é para deixar para as próximas gerações.

A convivência com diferentes gerações resulta em quê?

Aprender na convivência com variadas gerações é muito interessante. Auxilia na auto evolução. A sintonia com gerações distintas nos mostra a relevância de aprender para desaprender – e, depois, reaprender novamente algo novo.

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O que é necessário para um jovem ser um empresário, um executivo de sucesso?

O jovem deve ter o compromisso com o autoconhecimento. Tem de ter foco, disciplina. Importante rever hábitos e é fundamental que tenha força interior para superar dificuldades e abraçar as oportunidades.

Então, o sucesso do jovem surge de que fatores?

Para ele estar pronto no momento certo, é vital ter as informações necessárias e ter atitudes que demonstrem estar apto naquela hora.

O que um empresário, um executivo, não deve fazer? O que dará errado?

Dá errado subestimar as pessoas. Subestimar clientes, funcionários. Atrás de um consumidor há um ser humano. O executivo também deve desenvolver aptidões das áreas de exatas porque lida com números constantemente.

Quais oportunidades de negócios não podem ser desperdiçadas?

As oportunidades aparecem em circunstâncias surpreendentes. Esteja aberto ao novo. Até mesmo quando estamos no lazer surgem situações que podem derivar para oportunidades.

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Quer dizer que no momento de lazer aparecem insights para a atividade executiva, atividade empresarial?

De acordo. Isso tem relação com a ideia defendida pelo sociólogo italiano Domenico Di Masi no livro “Ócio Criativo”.

É possível planejar o sucesso?

O empresário tem de ter uma cabeça voltada ao sucesso. Tem de acreditar em si mesmo. Aí precisa ter impulso de realizar; ser alguém “fazedor”. Eu me sinto um soldado e capaz de trabalhar onde for necessário. Como tenho o compromisso com o negócio, transito em todas as áreas da organização. O empresário tem de saber fazer. A pessoa tem de estar no mercado, ativo, para conquistar o sucesso.

Qual foi teu maior erro?

Quando o Oltramari era o superintendente do Shopping Mueller, ele me dizia: “tente dez vezes; pode errar as dez vezes. Não tenha medo de errar”. Não lembro de um erro muito grande. Quando se lida com equipe, mostre que é preciso ousar, inovar. Não se intimide. Há de conviver com equívocos. Você tem a multidão como conselheira. Gosto de descobrir ferramentas para decidir melhor.

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Qual teu maior acerto?

Sou pautada pela confiança. Importante ser uma pessoa confiável e poder acreditar nos outros.

O fracasso ensina o quê?

Ensina que você precisa se levantar de novo. Ensina a ser resiliente. Quem não conhece a derrota não conhece a vitória.

Quem é teu guru?

Uma pergunta que eu já me fiz várias vezes. Tenho como referências Albert Einstein, Aristóteles, Barack Obama, Dalai Lama. Mas meus gurus foram meus pais. Deram-me a base educacional para o trabalho. Me inspirei muito neles.

A política influi na vida empresarial?

Gostaria que a vida empresarial influenciasse a política. A política deveria servir à sociedade – e não é como acontece. É dever dos empresários participar do mundo da política. Devemos pensar no coletivo. Os políticos devem agir e criar legislações que favoreçam a economia. Por ora, muitas vezes temos de administrar problemas que a política nos traz.

O associativismo ajuda os empresários?

Sim, auxilia. Mas há, hoje, no país, muitas entidades de classe e a energia está muito dispersa. O associativismo deve permitir que se equacione dificuldades e alcance resoluções juntos.

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O que mudou em seu pensamento e na prática, ao longo dos últimos 20 anos?

Há 20 anos se valorizava o especialista. Tinha de ser muito bom naquilo que se fazia. Hoje, o generalista se tornou vital e ele é capaz de gerenciar vários especialistas. Hoje o mundo é digital. Hoje a cabeça tem de estar antenada com as redes sociais sem deixar de compartilhar os valores e elementos do passado.

Algum livro inspirador?

“Na Linguagem dos Bichos”. A obra fala da vida de um autista e mostra a experiência de sair do universo autista para ser reconhecido mundialmente. O livro dá subsídios variados. Os autores são Temple Grandin e Catherine Johnson.

Este conteúdo faz parte do projeto que marca os 20 anos da coluna econômica do jornalista Claudio Loetz. Até dezembro, 20 empresários vão compartilhar, neste espaço, conhecimentos, informações e visões em formato de grande entrevista.

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