Esta semana, manchetes sobre o risco de bebidas adulteradas com metanol estamparam jornais, revistas e mídias sociais, expondo um absurdo crime — com mortes e sequelas permanentes nas vítimas desse ato hediondo.
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Os destilados foram o principal alvo da bandidagem na esmagadora maioria dos casos de intoxicação, nos quais foi adicionado metanol — que também é um álcool — mas, por conter apenas um átomo de carbono, torna-se altamente tóxico ao ser metabolizado, transformando-se em formaldeído e ácido fórmico, causando graves danos ao corpo.
O metanol é traiçoeiro: não tem cheiro, cor ou gosto, diferente do álcool comum, que é facilmente percebido. E mais: testes caseiros não conseguem identificá-lo — somente exames laboratoriais são capazes de detectá-lo com segurança.
No mundo dos vinhos, esse tipo de adulteração é muito raro, pela própria complexidade na produção da bebida, que é muito mais extensa e especializada. Porém, o tema trouxe à tona uma discussão e uma preocupação seríssima de um problema do qual temos sido vítimas há muito tempo — e que, nos últimos anos, cresceu de forma assustadora, tanto para quem trabalha de maneira séria e profissional quanto para os consumidores, que podem ser vítimas desse crime.
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Estamos falando dos descaminhos, contrabandos e falsificações. Essas adulterações, na maioria dos casos, representam risco à vida, mas também podem causar sérios danos à saúde do consumidor e à reputação dos produtores que têm seus produtos contrabandeados, adulterados ou falsificados — causando grande prejuízo à imagem da empresa, muitas vezes construída com trabalho sério ao longo de anos, mas que pode ser destruída em pouquíssimo tempo.
A imensa maioria dos consumidores não consegue distinguir um produto falsificado ou adulterado do original pela aparência, cor, aromas ou sabores. Assim, conclui que aquele produto é de baixa qualidade, manchando a imagem do produtor que trabalha com responsabilidade para entregar bebidas seguras e de alta qualidade.
Evite os destilados, pois são os mais vulneráveis à adulteração — inclusive por metanol. Cervejas e vinhos apresentam menor risco, mas não estão totalmente livres de fraudes. A cerveja em lata, por ser mais difícil de adulterar, está mais protegida.
Verifique sempre a procedência: confira o rótulo, a origem e o registro no Ministério da Agricultura.
Não compre de vendedores informais e desconfie sempre de preços muito abaixo do mercado, pois provavelmente indicam fraude.
As grandes indústrias, por possuírem padrões de segurança mais rígidos, são mais confiáveis.
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O avanço do mercado ilegal que estamos assistindo representa uma grave ameaça à saúde pública, fragiliza a arrecadação tributária e, o mais grave, alimenta a cadeia do crime organizado — que chegou a todos os segmentos do país e hoje, vergonhosamente, representa grande parte do mercado de bebidas distribuídas e consumidas no Brasil.
Enquanto o setor de bares, restaurantes e lojas especializadas trabalha de forma séria e continua mobilizado, garantindo que consumir em seus estabelecimentos é seguro, não permitindo bebidas adulteradas, também cobra das autoridades mais firmeza na fiscalização de fábricas, distribuidores e no transporte de bebidas pelas estradas.
E não se esqueça: os que estão mais próximos também podem ser perigosos — especialmente quando a oferta vem embalada na frase “é um cara que meu amigo conhece, que traz!”.
Sabe aquela lista que um “amigo” ou “contatinho” manda pelo WhatsApp, sem referência de absolutamente nada, sem nome e sem contato do pseudo-vendedor?
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Nunca aquela frase das nossas mães foi tão verdadeira: o barato sai caro!
Ao menor sinal de suspeita de contaminação, procure imediatamente um hospital — as primeiras 48 horas são decisivas.
Saúde!
Néa Silveira
@neasommelere




