O ano está terminando e já temos boas notícias. A produção mundial de vinho em 2025 subiu para cerca de 232 milhões de hectolitros, registrando um crescimento de 3% comparado ao ano anterior. Um alívio, após 2024 ter sido um ano de insegurança no setor, marcado pelo menor volume global em 63 anos. No entanto, apesar desta recuperação, a produção segue abaixo da média dos últimos cinco anos.
Continua depois da publicidade
Estas transformações são multifatoriais, como mudanças climáticas, que estão alterando o mapa da produção vitivinícola mundial; alteração dos meses das colheitas, exigindo adaptação dos vinhedos a estas alterações; queda de consumo em alguns países, por conta da mudança de comportamento de consumo, como preferência das novas gerações, conteúdos de pessoas e grupos que ditam tendência de consumo; busca por sustentabilidade dos consumidores, preferência que exige a conversão de inúmeros vinhedos para orgânicos, biodinâmicos e de viticultura regenerativa, fato que demanda tempo, grande investimento, mão de obra e novas práticas de adequação nos vinhedos e nas vinícolas. Também cresce a pressão social para adoção de embalagens mais leves e sustentáveis, alternativas recicláveis e inovadoras, protetoras do meio ambiente.
Enquanto muitos países do Velho Mundo amargam a diminuição da produção e do consumo de vinhos, a América Latina apresenta forte crescimento e consumo da bebida, com o Brasil ganhando relevância no cenário global. Estamos conquistando espaços além-mar, que apontam nosso país como um porto seguro para o Wine Business, atraindo investimentos e atenção internacional. Este fato tem sido confirmado na prática, com grandes feiras internacionais, onde o Brasil ocupa mais espaço físico e conquista gostos e corações dos amantes de vinhos. Campanhas cada vez mais frequentes de Países e Regiões Vitivinícolas, reconhecidas globalmente, vêm ao Brasil para apresentar seus vinhos, reconhecendo que somos um mercado em franco desenvolvimento neste setor. Da mesma forma, o Brasil ganha espaço cada vez maior para expor seus vinhos em feiras internacionais, onde conquista a admiração e arranca elogios para a qualidade dos nossos vinhos. A conquista de medalhas em importantes concursos mundiais é mais uma comprovação de que o Brasil ganha espaço no cenário vitivinícola internacional, com importantes profissionais do mundo do vinho reconhecendo nosso país como produtor de excelentes vinhos, ganhando admiradores e consumidores do NOSSO VINHO.
Sem dúvida, o vinho brasileiro vive um momento de virada, após décadas buscando sua identidade; quer ser percebido não apenas como uma promessa, mas reconhecido como um produtor que contribui e enriquece o mundo do vinho, capaz de competir com os melhores do mundo em qualidade e nichos de valor. Os prêmios recebidos em concursos internacionais reconhecidos, como Decanter World Wine Awards, atestam a qualidade do NOSSO VINHO e ajudam a quebrar preconceitos, muitos dentro do nosso próprio país. Nossa diversidade de terroirs é imensa e com características distintas, permitindo a produção de uma ampla variedade de uvas e estilos de vinhos, desde vinhos espumantes de clima frio até vinhos tintos no semiárido. A cada dia, novas áreas se revelam como excelentes para a produção de vinhos, algumas delas impensáveis há alguns anos. O mundo pede autenticidade, este é um grande ponto a nosso favor: os consumidores são ávidos por novidades, vinhos “diferentes”, que desafiam e instigam os sentidos, que trazem uma experiência nova, ainda não experimentada. E nisso somos plenos de possibilidades: infinitas castas, estilos diversos, terroirs distintos e nossa brasilidade, que não tem possibilidade de ser copiada. Como os vinhos brasileiros não tentam imitar modelos internacionais, mostram personalidade em cortes ousados e criativos, ao mesmo tempo que apostam em produtos boutique, focando no artesanal e na expressão autêntica do terroir.
Continua depois da publicidade
Assistimos ao crescimento das exportações de vinhos, com consequente aumento em volume e receita, alcançando dezenas de países, o que demonstra uma crescente demanda no exterior. Iniciativas de programas como Wines of Brazil, da ApexBrasil, promovem ativamente os vinhos nacionais em feiras e missões internacionais, aumentando a visibilidade e abrindo novos mercados. Hoje, o rótulo mais competitivo do Brasil continua sendo os espumantes, que brilham lá fora, nos colocando como grandes produtores de borbulhas reconhecidas como excelentes, tanto exemplares produzidos pelo Método Charmat (segunda fermentação em tanques de inox) como o Método Tradicional ou Champenoise (segunda fermentação na garrafa). Esta exposição internacional abre portas para o enoturismo, que cresce acima da média global, fortalecendo marcas e produtos, que são moedas valiosas no mercado premium.
O Brasil possui potencial real para ocupar seu espaço no mapa dos vinhos, como protagonista de um estilo vibrante, moderno e cada vez mais reconhecido dentro e fora do nosso país. Os desafios são grandes, mas o momento é promissor: qualidade crescente, regiões se consolidando, outras regiões surgindo, já com qualidade surpreendente, e um mercado global que busca personalidade própria e diversidade. Esta é a combinação perfeita para o vinho brasileiro ganhar o mundo!
Saúde!
Nèa Silveira
@neasommeliere










