Saudosistas do futebol de Blumenau diriam que no próximo dia 1º de junho “todos os caminhos levam ao Monumental do Sesi”. Nesta data, um domingo, Metropolitano e BEC se enfrentam na abertura da segunda divisão do Campeonato Catarinense em um contexto poucas vezes experimentado pelas equipes que representam a cidade. A começar pelo próprio local do duelo.
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Ibirama, Indaial, Timbó, Jaraguá do Sul e Brusque foram alguns dos endereços dos clubes nos últimos anos. Sem um campo para chamar de seu, Metrô e BEC fizeram a torcida pegar a estrada para ver a bola rolar. Foi uma jornada longa. As equipes não medem forças dentro de Blumenau há sete anos, desde 2018. Mas agora será diferente.
Liberado graças a um acordo político entre Fiesc e governo do Estado, enquanto a municipalização de fato não sai do papel, o estádio do Sesi voltará a ser palco de uma rivalidade que tem pouco embasamento estatístico, é verdade. As equipes fizeram apenas sete jogos em toda a história. É um retrospecto curto, mas que para alguns já justifica chamar o confronto de “Clássico do chope”.
A pouco mais de um mês para o embate, as provocações já começaram. Na última semana, a diretoria do BEC pintou, à revelia, parte das cadeiras da arquibancada do Sesi com as cores do clube, incluindo o grená. As equipes estão dividindo as despesas de manutenção do estádio para os jogos da competição, mas a intervenção, sem consulta prévia, irritou dirigentes do Metropolitano. É uma pimenta que provoca engajamento e mobilização, ingredientes que ajudam a movimentar o futebol.
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SAFs, as tão propagadas sociedades anônimas no futebol, também passaram a sondar a realidade dos dois times. Em março, o BEC anunciou a chegada de acionistas ingleses que prometem aportar R$ 25 milhões no clube ao longo de 10 anos. Já o Metropolitano está finalizando a formatação de um projeto para entregar a gestão do futebol a um grupo de investidores.
É, nos dois casos, mais uma aposta na profissionalização do futebol em Blumenau, alvo nos últimos tempos de aventureiros, planejamentos que não vingaram e de uma coleção de frustrações, com raros resquícios de glória. O torcedor blumenauense, com razão, tem motivos de sobra para ser desconfiado. Mas quando a bola rola, o coração fala mais alto e pouco importa o passado ou a razão social ou o CNPJ da agremiação em campo.
Bom seria, para os amantes do esporte, que BEC e Metropolitano fizessem sua parte com seriedade, responsabilidade e comprometimento com princípios básicos de uma boa gestão. O resultado dentro de campo pode ser suscetível ao imponderável, mas um bom planejamento, como em qualquer negócio, é meio caminho andado. Ativos para fazer o futebol da cidade algo rentável, aliás, não faltam.
Em Blumenau existem duas torcidas apaixonadas, clubes que valorizam suas histórias – apesar de mais momentos de baixa do que alta – e projetos que no papel soam promissores, mas que precisam se provar na prática. O estádio do Sesi enfim voltou a ser uma realidade. A rivalidade realimentada às vésperas do início da competição ajuda Metrô e BEC, que poucas vezes estiveram em pé de igualdade técnica, a se mobilizarem.
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Como ninguém quer ficar para trás, ambos estão se puxando – é o que bons concorrentes fazem. Todo esse contexto talvez represente uma das últimas chances de dar ao futebol de Blumenau alguma relevância social e econômica, inserindo-se no cotidiano das pessoas. Basta saber se a cidade está disposta a abraçar essa oportunidade.
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