
Imunização
A ordem de vacinação no Brasil é uma mistura de ciência, lobby das entidades de classe e atuação política. A orientação não é apenas epidemiológica. Se fosse apenas científica, não seria do jeito que está. É sabido que os grupos mais vulneráveis e expostos são os idosos e profissionais de saúde. Ultrapassada esta etapa e com a vacinação das pessoas com mais de 60 anos, entramos nas comorbidades (nem todas atendidas) e nos grupos prioritários.
Prefeituras de SC têm previsão para início de vacinação contra Covid-19 por faixas etárias; entenda
É mais do que válida a proposta encaminhada pelas prefeituras para mudança na ordem de vacinação para a Covid-19. O Conselho dos Secretários de Saúde de Santa Catarina (Cosems-SC) defendeu na última quarta-feira (26), em Brasília, que o critério após concluir a imunização de profissionais de educação seja por faixas etárias. Significa, na prática, imunizadar também as pessoas com 59 anos para menos de forma progressiva. Felizmente a medida foi aceita pelo Ministério da Saúde.
O prefeito de Florianópolis e presidente do Consórcio Nacional de Vacinas - Conectar - Gean Loureiro, flexibilizou a proposta com o intuito de facilitar a sua aprovação.
Antes dessa novidade, o cenário no início da semana passada era de vacinar profissionais da educação, moradores de rua, presos e funcionários do sistema prisional. Defendi, antes dessa proposta dos municípios aparecer, já que é assim, que a prioridade fosse 100% para os profissionais de educação. Não por justificativa científica, mas diante da tragédia que a educação brasileira e catarinense enfrentam, principalmente na rede pública. As aulas presenciais não voltaram totalmente. A Universidade Federal de Santa Catarina segue sem aulas presenciais. Há caso de aluno que só falta fazer um estágio prático para se formar e não consegue. É o caso dos acadêmicos na odontologia. Em Florianópolis, a greve agravou o cenário. Há alunos que estão com mais 400 dias sem entrar numa escola. É um escândalo. Felizmente a paralisação acabou. O resultado disso já sabemos: ampliação da desigualdade, risco social, alimentar e uma tragédia na formação dessas crianças.
Epidemiologistas e a Organização Mundial de Saúde (OMS) são unânimes em apontar que as escolas não são fontes importantes de propagação do vírus, embora reflitam o que ocorre na comunidade. Mesmo assim, é fundamental que se dê absoluta prioridade para a vacinação dos profissionais de educação para que estes se sintam seguros para a retomada.
O momento é de mitigação de danos e a educação, que não foi prioridade ao longo da pandemia, deveria ser, ao menos agora.
Enquanto isso, os também valiosos empregados domésticos que enfrentam o deslocamento diário no transporte coletivo, caixas de supermercado, garçons e comerciários, entre tantos outros trabalhadores, em semelhante grau de exposição ao vírus, não merecem, infelizmente, o mesmo tratamento.
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