A inabilidade política do Governador Carlos Moisés, somada aos desgastes gerados pela desastrosa compra dos respiradores, dão um ar de fatura quitada no processo de impeachment em curso, que diz respeito a uma equivalência salarial concedida aos procuradores do Estado, igualando-os aos da própria Alesc.
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..Porém, em se tratando de política, para além da complexidade jurídica, muitos são os movimentos e interesses que virão à pauta até a votação final, seja pelo histórico dos deputados ou, pelo interesse direto no mandato tampão e na eleição de 2022. Afora os declarados oposicionistas e governistas – os primeiros nitidamente em maior número e visibilidade política –, tais variantes podem definir diversos votos e, por consequência, selar os destinos do Estado para os próximos pouco mais de 2 anos.
O PT, por exemplo, possui importantes 4 votos. Se, por uma lado o partido não tem compromisso com um governador eleito na onda anti-petista, por outro, os petistas até hoje levantam o discurso de que a ex-presidente Dilma Roussef foi vítima de um golpe parlamentar orquestrado pelo presidente da Câmara do Deputados, Eduardo Cunha.
No caso do PP, os bastidores dão conta de que os deputados Zé Milton e Altair Silva tendem a votar com Moisés, enquanto João Amin tem sido claro oposicionista. Aqui também não se pode desprezar o fato de que o impeachment entregará o governo aos algozes do partido e da família Amin nos últimos 16 anos. Provavelmente o PP não faz parte do projeto político do PSD e MDB que se estruturará com o poder a partir da degola de Carlos Moisés. O próprio senador Esperidião e a deputada federal Angela Amin têm dado sinais de discordância com o impeachment em curso – no caso do aumento aos procuradores do Estado.
Outra dúvida interessante é o voto do deputado Bruno Souza, que em janeiro, por ocasião do primeiro pedido do impeachment, pela mesma equiparação dos procuradores do Estado, afirmou em suas redes sociais que “desalinhamento político não é razão para o impeachment”. Porém, o mesmo tem sido cada vez mais crítico do governo em suas redes sociais.
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Há também a sempre “imprevisível” posição do MDB, que para uns fechou questão pelo impeachment, enquanto outros bastidores apontam divisão da bancada. É fato que parte dos deputados manteve clara proximidade com o governo em seu primeiro ano, com inúmeras manifestações de elogio e apoio ao governador. Fontes do Centro Administrativo reclamam que nem em governos anteriores, em que inclusive participavam, os emedebistas foram tão bem atendidos em suas demandas, algumas históricas, pela solução dos problemas de suas regiões. Mas, como dizia o maior de todos os emedebistas, Dr. Ulisses Guimarães, repetindo a frase do ex-governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, “política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo, e ela já mudou”.
Essas e outras variantes, como a situação da vice e seu reflexo nos deputados bolsonaristas, atuações de outras lideranças com interesse em 2022 e movimentos da Operação Alcatraz, certamente podem mexer nessa nuvem, e o céu predominante no dia da votação é tão imprevisível que nem o nosso Leandro Puchalski consegue precisar.
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