A valorização imobiliária em Florianópolis nos bairros turísticos registrou uma alta de 18 % a 25 % nos aluguéis desde 2022. E isso resultou na “expulsão gradual de moradores tradicionais do Centro e Cacupé e na substituição por empreendimentos voltados ao turismo de curta duração”. Essa é uma das conclusões do Boletim de Inteligência #10, divulgado no lançamento da Central de Inteligência Turística (CIT)  de Florianópolis, pelo IFSC Continente.

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O estudo analisa os Impactos do turismo nas condições de vida e moradia em Florianópolis. 

Praias famosas de Florianópolis

O intenso crescimento turístico em Florianópolis está cada vez mais entrelaçado com as dinâmicas de uso urbano e moradia local. A valorização imobiliária, o aumento de locações de curta duração e a pressão sobre o solo urbano trazem efeitos diretos nas condições de vida da população residente, diz o estudo.

O objetivo do boletim é investigar como o turismo atua como fator de pressão sobre moradia e condições habitacionais, usando evidências recentes com dados do Ministério Público de Santa Catarina. 

Crescimento turístico

 Turismo em alta teve +4,7% de visitantes entre 2023 e 2024. Ano de 2025 projeta novo pico de alta sazonal, especialmente em balneários e no Centro Histórico. Déficit Habitacional: 54.550 moradias necessárias até 2028 (estimativa IELA/UFSC e PMF 2025). Crescimento médio anual de 3% a 4% na demanda habitacional, com maior déficit em bairros com turismo intenso. 

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População em situação de rua

Dados apontam 3.678 pessoas em situação de vulnerabilidade habitacional em Florianópolis (Ministério Público, 2025), sendo 71% de homens entre 30 e 50 anos. Do total, 60% estão no Centro, e 87% têm apenas ensino fundamental. A taxa de crescimento de 2021 para 2025 é de 22%.

Programas habitacionais

Casa Catarina (2025): R$ 58,4 milhões em investimentos em moradias populares.

Floripa para Todos: iniciativa público-privada voltada a famílias de baixa renda, em fase piloto na área continental.

Cobertura ainda insuficiente frente ao déficit estimado de mais de 50 mil famílias. 

Interpretação e implicações gestoras

O turismo em Florianópolis (principalmente o baseado em aluguéis de temporada) atua como influenciador de desigualdades urbanas, ampliando a valorização imobiliária e pressionando o mercado habitacional, sendo o 3º fator mais relevante na exclusão social urbana, atrás apenas do déficit habitacional estrutural e da gentrificação econômica. 

Implicações para gestores públicos e privados

Integrar planejamento turístico com uso do solo e habitação, evitando turistificação desordenada. Regulamentar locações de curta duração com contrapartidas sociais. Criar indicadores de turismo inclusivo e monitorar mensalmente via CIT. Fomentar iniciativas ESG junto ao trade turístico, voltadas à moradia social e capacitação profissional. 

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Considerações finais

Os impactos do turismo (principalmente aluguel de temporada) sobre a moradia evidenciam a necessidade de planejamento urbano integrado e justiça social. Com quase 4 mil pessoas em vulnerabilidade habitacional e um déficit de 54 mil moradias até 2028, Florianópolis precisa de políticas que alinhem competitividade turística a equidade urbana.

Neste sentido, precisamos acelerar as políticas públicas voltadas à habitação social na Capital.