2010, Copa do Mundo na África do Sul. Embarque tumultuado por conta de uma grande personalidade mundial. A aeronave deveria decolar de São Paulo por volta de 18h. Avião da companhia aérea South África Airwais atrasou a saída em mais de uma hora com toda a imprensa brasileira no voo direto a Joanesburgo.
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Muita inquietação para saber o motivo e finalmente ele chegou. Pelé estava no voo a convite do governo da África do Sul. Mais do que um grande motivo para a longa espera.
Para compensar o atraso ele se dispôs a conceder entrevista a imprensa na primeira classe onde viajaria. Mais meia hora de espera. Imagina o tumulto dentro da aeronave quando os passageiros souberam que o rei do futebol estava no voo. Educadamente e sempre disposto, Pelé conversou com todos e até deu explicações sobre seu atraso.
Sobe a aeronave. Lá pelas tantas um pernambucano já com alguma idade começou a provocar os jornalistas brasileiros insistindo que o Brasil seria eliminado nas quartas de finais. Não aceitamos a provocação. Dunga era o técnico e Jorginho auxiliar.
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O homem tinha razão: fomos eliminados pela Holanda sem chegar a final.
A Copa do Mundo que eu vi e vivi
Cidades
Johanesburgo foi limpa pelo governo. Nas ruas, nenhum mendigo, sinal de pobreza, estádio monumental construído para a Copa e só se falava em Mandela o mais importante líder da raça negra que havia sido presidente de 1994 a 1999 e ganhador do premio Nobel da paz e m 1993.
Defensor dos direitos humanos, Mandela foi preso diversas vezes, enfrentou quatro julgamentos e passou 27 anos na prisão. Ele foi o primeiro presidente democraticamente eleito na África do Sul.
No centro da cidade uma pequena praça tipo calçadão tem uma estatua de Mandela. Dizem que ele residia no apartamento bem em frente e de vez em quando aparecia na sacada.
Nunca vimos.
Fomos orientados a cuidar de relógio, correntes, pulseiras, equipamentos eletrônicos e especialmente celulares. No hotel roubaram o jornalista Juca Kfouri em 2 mil dólares.
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Equipe de uma emissora de rádio de Goiânia comandada pelo André Henning teve todo seu equipamento numa mala desviado e estão procurando até hoje. Graças ao cuidado especial com a nossa equipe nada aconteceu.
Pretoria
Antes de ir a cidade de Pretoria para uma entrevista com o arbitro Carlos Simão autoriza pela FIFA, resolvi dirigir um veiculo cuja direção era no lado direito. Causei o maior caos o trânsito e por pouco não me levaram a delegacia. Nossa, coisa mais difícil. Parece que a gente está sempre na contra mão.
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Fui escalado
Juntamente com o repórter cinematográfico Fernando Becker fomos a cidade onde Mandela esteve 27 anos preso. Lá estavam os árbitros da copa. Tinha amizade forte com Simon e ele me recebeu com a maior atenção derrubando inclusive uma entrevista ao vivo de uma emissora paulista para me atender. O repórter queria me matar.
Gravamos quase 10 minutos bem aproveitados depois aqui no Brasil. Uma correria interrompeu a gravação sob suspeita de que Mandela estaria liberado para uma visita aos árbitros da FIFA. Pior é que acreditaram e uma correria se estabeleceu. Estamos esperando até hoje o homem.
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Na volta a Joanesburgo uma correria na pousada onde estava nossa equipe. O proprietário um Polonês encheu a mulher de porrada e alguém da nossa turma conseguiu chamar a polícia. Era uma moreninha que ele abrigou, fugitiva do seu país que não lembro qual e transformou a mulher em escrava e abusava dela.
Não tinha para onde ir fizemos uma vaquinha arrumamos boa grana e mandamos ela de volta para casa de uns parentes que não era muito longe dali. O comentarista Mauricio Saraiva, da RBS, é quem comandou toda a operação de apoio a mulher. Homem bom.
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Cidades
Além da capital Joanesburbo, fomos a Porth Elisabeth e Durban por sinal uma cidade muito parecida com Florianópolis. A seguir nos preparávamos para ir a Cidade do Cabo quando o Brasil foi eliminado e a viagem cancelada.
Com o Brasil eliminado, achamos que Carlos Simon apitaria a final da Copa. Surpresos encontramos ele no vôo de volta. Houve até uma sinalização da Fifa em torno do seu nome que acabou não vingando e ele recebeu ordens de retornar.
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Frio
No jogo Brasil e Costa do Marfim resistimos a -7°C no estádio, no dia 20 de junho. O segundo tempo descemos na tribuna e fomos assistir na sala de imprensa com ar quente para aguentar o frio.
Nesta Copa assistimos numa das entrevistas coletivas do Dunga um entrevero do técnico brasileiro com o jornalista Alex Escobar, que estava bem perto de mim.
Escobar fez uma pergunta e Dunga atacou com ofensas ao profissional. Era o clima estabelecido na Seleção por conta de muita coisa ocorrida.
Os treinos eram fechados, a imprensa pouco participava. Havia uma antipatia do Dunga pela própria imprensa e dizem que isso tinha muito a ver com seu auxiliar Jorginho.
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“Burro, besta, cagão”, disse Dunga a Escobar, que surpreso e educadamente não respondeu, limitando-se a ficar surpreso como todos nós. Foi o fato negativo da Copa e mostrou o clima que tínhamos na Seleção.
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