Se havia dúvidas sobre o que significava a vinda do deputado federal Eduardo Bolsonaro a Criciúma neste momento da vida política brasileira, elas foram dissipadas logo nas primeiras palavras do parlamentar e filho do presidente Jair Bolsonaro aos jornalistas. Está em andamento a saída do grupo político que chegou ao poder nas urnas em outubro do ano passado e agora é a hora de delimitar quem está e quem não está com os bolsonaristas.
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Em Criciúma, nesta sexta-feira (8), isso ficou claro antes mesmo da palestra de Eduardo Bolsonaro sobre “a história do Brasil e o conservadorismo”. Em torno dele reuniram-se para um café da tarde os três deputados federais e quatro deputados estaduais do PSL que devem acompanhar os Bolsonaros em seu novo destino partidário — Daniel Freitas, anfitrião do encontro, Caroline de Toni, Coronel Armando, Ana Campagnolo, Jessé Lopes, Felipe Estevão e Sargento Lima. Além deles, a vice-governadora Daniela Reinehr. Este, inicialmente, será o time de Bolsonaro em Santa Catarina.
O governador Carlos Moisés, eleito pela mesma onda, foi fortemente criticado por Eduardo Bolsonaro. O parlamentar disse que o catarinense foi “picado pela mosca roxa” e que auxilia a esquerda ao contrariar pautas do governo Bolsonaro — citou a taxação dos agrotóxicos.
Dos nomes ainda fiéis ao governador no PSL catarinense, os deputados estaduais Coronel Mocellin e Ricardo Alba foram à palestra, mas não foram convidados para o café. Ao serem anunciados pela organizadora do evento, Júlia Zanatta, foram vaiados pela plateia bolsonarista, especialmente Alba.
Na entrevista que concedeu para as revistas da NSC deste final de semana, Carlos Moisés fez sua parte no divórcio. Disse que permanece no partido mesmo que Bolsonaro, o presidente, saia. Afirmou, ainda, que não se considera devedor da onda que mudou o país e o Estado em 2018.
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O divórcio deve continuar, assim que os Bolsonaros definirem seu destino, com a partilha dos mandatos. Uma das maiores críticas do governador, a deputada estadual Ana Campagnolo alerta que o grupo acompanha Bolsonaro, mas com todos os cuidados jurídicos para não perderem os mandatos. Não acredita em solução negociada.
A vice-governadora Daniela Reinehr, por sua vez, diz acreditar que é possível um entendimento entre as alas do PSL. Pouco provável. O jogo está sendo jogado e todos parecem confortáveis em suas posições.
Curiosamente, Eduardo Bolsonaro fez rasgados elogios ao senador Jorginho Mello (PL), também presente. Quando perguntei sobre Moisés, antes da contundente resposta, ele chamou o senador para um abraço. Ele também está com os bolsonaristas.
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