Desde que abri a empresa, com muita frequência trabalhei nos finais de semana e nos feriados. Lembro de pedir para um dos meus mestres um conselho para conseguir um relacionamento amoroso saudável, e ele me disse: Namore com alguém que entenda que você trabalha nos finais de semana. Solteira, na época, queria muito namorar e, de fato, parte da rotina de estar livre na segunda, e não no sábado, trazia eventualmente algum desconforto para um possível relacionamento.
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Meu irmão, quando fez 40 anos, decidiu celebrar a festa no dia exato do aniversário. Bolou costelada e roda de samba entre familiares e amigos em uma segunda-feira, lá em Araranguá — que não é tão perto de Florianópolis. E é lógico que a gente deu jeito e foi. Ele sabia fazer festa e ser feliz em qualquer dia da semana, e a festa foi inesquecível de tão boa e leve. Quem começaria a semana assim, afinal?! Era "bem coisa dele".
Não é muito fácil aceitar que a segunda é um dia como o sábado ou o domingo. Não lembro exatamente em qual ano, mas participei de um curso que aconteceu na virada do ano, lá em Foz do Iguaçu. Era de 30 de dezembro até 1 de janeiro. Fui dormir às 22h do dia 31 depois de um dia de estudos. Fiz a ceia no hotel onde me hospedei, tomei um banho e fiquei escutando o silêncio daquele dia até a hora dos fogos. Aquela noite, sozinha e refletindo sobre a vida e o ano, em total introspecção, foi uma das experiências mais marcantes das minhas viradas. Eu amei e repetiria. Minha sensação é a de que existe um ritmo diferente fora do "ritmo esperado", e que eu combinava mais com um fluir daquele jeito.
Quando eu e o Ricardo decidimos ficar juntos e ter um filho foi tudo muito natural. Com o nascimento do João Ricardo – que é a melhor e mais milagrosa experiência da minha vida – pensamos em casar no civil. Eu optei por colocar em meu nome o sobrenome do Ricardo – como o meu sinal de entrega e pertencimento, e porque ando muito romântica. Estou no que eu chamei, em tom bem humorado, de momento "butterfly"(borboleta) – para remeter a leveza e ao colorido que a vida ganhou nesse ano.
Marcamos o dia para 8 de janeiro por algumas razões: a primeira porque dia 8 é em memória do meu irmão – que tinha esse número como um mantra dele. Então ao marcar em um dia 8 é como tê-lo presente. Depois, porque janeiro é o mês do aniversário do Ricardo. Como janeiro é um mês de férias pensamos que seria mais fácil trazer todos da família para testemunhar a união no cartório. Mas a "coisa foi crescendo", e quando a gente viu, faltando 43 dias para o casamento, ao invés de ir ao cartório decidimos fazer uma festa de casamento. Simples, com família e amigos – em uma inesperada e não programada quarta-feira, dia 8 de janeiro de 2020, com celebração para acontecer exatamente às 17h27 – porque eu sou cheia dessa mania de colocar significado em tudo.
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De um dia para o outro já tínhamos listado e conversado com praticamente todos os fornecedores e convidados da festa, e o que descobri foi que o fato de fazer a festa em uma quarta-feira movimenta o nosso olhar para novas perspectivas e de sobra também consegue uns bons descontos – afinal quem trabalha com casamento trabalha mais, acredito eu, nos finais de semana.
O ponto afinal é o desafio de dar importância a todos os dias e fazer deles a razão mais nobre para estarmos unidos. O que construir significado em nós, promoverá nossa expansão e, sem muito pensar e ao deixar fluir os sentimentos que estão dentro de nós, viveremos uma quarta-feira mais inesquecível do que jamais qualquer sábado conseguiu ser.
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