Minha mãe casou com meu pai quando tinha 24 anos. O pai tinha 27, já trabalhava e tinha conquistado a sua autonomia – os dois bem resolvidos, casaram, tiveram filhos e eu, vim 12 anos depois, nos 45’ do segundo tempo, temporona e com dois irmãos. Na época deles, minha mãe conta, casar com 24 anos já era tarde – mas, ufa!
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Passei a vida sonhando com um amor. Queria estar com tudo “em dia” o mais cedo que pudesse e, durante algum tempo, acredito que forcei a barra para transformar algumas opções em decisões – porque o tempo já estava “passando para mim” nessa área da vida, conforme o que eu tinha aprendido que era o “tempo certo”.
Para mim, algumas coisas começaram “antes”. Eu, aos 14 anos fazia parte do quadro que apresentava, na Rádio Atlântida, um programa que ia ao ar no sábado, chamado “A voz do pirata”. E sempre, muito consciente de determinadas responsabilidades já havia adquirido títulos de liderança de classe e capitã dos times dos esportes que eu jogava, já no ensino fundamental. Uma amiga me disse que eu gostava de “carregar o piano”, mas o que me conduzia, e se segue assim, era uma sede bem grande por ver as coisas feitas, e as angústias, vencidas.
Com 34 anos eu estava noiva, namorando há quase 4 anos, mas – entre nós – eu perdia algumas noites de sono olhando o teto, sentindo que precisava viver outra vida, porque aquela não parecia ser o que eu sonhava em construir. Mas como mudar com uma década a mais do tempo máximo certo para casar – conforme o que eu tinha aprendido como o, no mínimo, adequado?
Certa de que não existe uma verdade exclusiva, apaixonada pela ovelha negra que mora em mim, tomei a opção de começar de novo a minha vida amorosa. Depois de muito penar para aprender sobre como amar e admirar – e, também defender – como eu sou, nem preciso dizer que valeu a pena, cada dia suado confundindo minha autonomia, com solidão, até ver que o problema que eu tinha era o de ser de um jeito só meu – e que isso era virtude.
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Com 34 anos eu estava noiva, namorando há quase 4 anos, mas – entre nós – eu perdia algumas noites de sono olhando o teto, sentindo que precisava viver outra vida, porque aquela não parecia ser o que eu sonhava em construir.
Quando passo o olhar em meus relacionamentos mais importantes, vi que projetei alguns dos meus sonhos na linha do tempo da biografia dessas pessoas. O que meu pai poderia ter sido, ou minha mãe deveria ter empreendido – e onde eu estaria?!
Meus pais têm duas casas – uma é onde moram e a outra sempre foi alugada. Faz pouco tempo a inquilina saiu dessa outra casa, que foi onde morei até meus quase 10 anos de idade. Minha mãe me chamou para ir até lá e o que encontrei foi a Vanessa de 10 anos, que um dia eu fui, esperando ansiosa para saber o que aconteceu com ela tanto tempo depois.
Quando esse encontro aconteceu dentro de mim, fiquei emocionada e animada em dizer que o maior bem que conquistamos juntas, foi a liberdade de poder escolher aprender e mudar, sempre que sentir que é preciso – e em qualquer idade. Qualquer que seja o medo que reside no caminho que queremos seguir, ele certamente não é maior do que o quanto a gente se expande quando o enfrenta. A gente só envelhece de verdade não é quando completa idade, nem fica obsoleto para o amor ou para qualquer área da vida pelas décadas que já temos na conta – a gente fica velho quando para de aprender ou de questionar – principalmente – e rejuvenesce quando continua aprendendo.
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