Quando eu assisti “Dois Papas” passei os dias seguintes falando sobre o filme e sobre o quanto eu passei a admirar ainda mais a história dos dois papas. Eu nunca tinha parado para me aprofundar nas nuances da personalidade dos dois, nem nas suas biografias. Mas deveria. E, muito embora o filme receba todo aquele enredo hipnotizante e parte dele tenha sido criação do autor, senti nele a mesma coisa do eu quando assisti “A Cabana”. Queria que tudo fosse totalmente verdade, porque nos acomete de profunda esperança – sobre o perdão, a confissão, o diálogo, a perfeição de Deus.

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Para além da questão da religião em si, o filme me fez refletir o tempo todo sobre “concessão versus mudança” e sobre o quanto o desapego é anterior à expansão de nossa consciência e do nosso amor sobre as coisas e sobre as pessoas. É preciso fé.

Não sei como a renúncia se deu, nem os detalhes da eleição do novo Papa. Sei que para avançar em nossos paradigmas é preciso abertura para assumir que precisamos de um tempo. Essa semana, assistindo um vídeo da Ellen Degeneres, em entrevista com o cantor Justin Bieber — que decidiu voltar a cantar e vai lançar seu novo disco em fevereiro — ele disse que percebia sua entrega, que dava tudo o que tinha, mas que não conhecia os meios para “nutrir-se de volta” — depois de seus shows e de tudo que envolvia suas apresentações. Sentia-se vazio e resolveu que precisava aprender mais. Nas renúncias elegemos a nós mesmos, muitas das vezes. E agora ele está de volta.

Sinto mesmo que há momentos em que dar um passo para trás, pode representar um passo para cima, nos aproximando do silêncio e da introspeção tão necessária para recomeçar.

Na capa de uma das revistas Caras da casa da minha mãe está o Príncipe Harry com a Megan Markle, abrindo mão da posição na Monarquia. Diz na matéria que os dois com o filho estão de mudança para o Canadá. Eu fiquei feliz porque me parece que eles estão felizes. Pensei comigo sobre o quanto o mundo e os líderes que nos transformam estão avançando para uma vida cada vez mais essencial e nos desafiando a mudar diante daquilo que não funciona para nós.

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Os dois Papas representados no filme me encantaram – cada um com suas competências e com o toque direto no coração de quem os entendem. Se verdade ou não como tudo aconteceu – sonho que tenha sido bem verdade: a conversa, a amizade, o desejo de abrir mão, se e quando necessário e de aceitar os sinais e as mudanças que precisam acontecer. Que filme.

Notei mais profundamente que o que nos determina não é nosso título, mas as escolhas que vamos fazendo, em nome de nossas famílias e de nossa felicidade – que acabam por estender-se às nossas comunidades, e por inspirar as transformações do mundo. É a nossa gratidão ao poder impactar um, que nos leva para impactar o próximo. É começando em algumas de nossas renúncias que, de fato, tomaremos posse do tempo que é necessário para encontrar os sinais do nosso próprio caminho, e com a liberdade seremos a mudança.

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