O Dia da Família na Escola, ocorrido no último sábado, foi assunto desta coluna semana passada, quando falamos da importância dos pais participarem mais ativamente da rotina escolar dos filhos. Duas pessoas _ um pai e um professor _ enviaram e-mails com suas visões sobre a educação e os problemas que ainda precisam ser solucionados para que de fato a escola, os pais e a comunidade como um todo possam trabalhar juntas na formação de nossas crianças e jovens.
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O pai de um aluno matriculado no 1º ano do Ensino Fundamental, diz que se as famílias não participam da vida na escola, a culpa não é só delas. “É a escola que precisa fazer um gesto de aproximação, de entendimento, de acolhida. A escola precisa confiar mais, abrir-se mais, pedir mais ajuda. A escola ainda não se deu conta que ao adiantar a entrada das crianças em um ano, recebendo-as aos 6 anos de idade, ela precisa se adaptar. Há um abismo de tratamento (de relacionamento pais-escola), entre as instituições de pré-escola e as instituições de ensino fundamental”.
Este pai acredita que muitas vezes a escola não sabe lidar com as famílias. “As lideranças da escola (ao menos daquela em que participo) são pessoas boas, bem intencionadas. Sabem muitas coisas. Mas não sabem acolher as famílias, têm uma mentalidade defensiva e cristalizada, não correm riscos. Têm como norte o Ideb, não a vida das crianças e de suas famílias. Deveriam focar nos dois, mas não desenvolveram esta competência, e não são encorajadas a desenvolver”. Ele sugere que o Movimento Santa Catarina pela Educação invista nas lideranças das escolas, nas diretoras e diretores, incentivando-os a estarem preparados para liderar uma comunidade e não somente uma escola.
Já o professor, que é de São Francisco do Sul, diz que trazer os pais para a escola é um desafio diário. Desde o início das aulas, segundo ele, já foram realizadas nove reuniões, entre assembleia geral da APP e reuniões por turma. A participação dos pais foi pequena. “Os responsáveis, muitas vezes, pouco se importam com as atividades pedagógicas de seus filhos”, critica ele. Outro problema é a sobrecarga dos professores. Para melhorar o salário, muitos dão aula em várias escolas. “Lançar notas, preparar aulas, provas, trabalhos, corrigir cadernos. São muitas tarefas executadas diariamente, seja na escola ou em casa, inclusive nos finais de semana, para dar conta de tudo”, explica. Ele acredita que muitos professores se sentem desmotivados.
Como se vê, os problemas são muitos, e as soluções não surgem como um passe de mágica. É preciso discutir, reconhecer o que está dando certo e o que precisa ser melhorado. Colocar o assunto em pauta, como SC está fazendo, já é um grande avanço.
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