Um menino de apenas 9 anos quebrou o pulso durante uma partida de queimada, uma atividade recreativa, em uma escola municipal de Joinville, na segunda-feira (17). A mãe da criança, Karina Soares Honorato, procurou o NSC Total para falar sobre o tempo de espera para os procedimentos de primeiros socorros na unidade escolar.

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Como aconteceu acidente

Karina conta que seu filho estava jogando queimada durante uma aula de educação física na tarde de segunda-feira (17) quando o acidente aconteceu. O menino contou que percebeu o “grupo inimigo” se aproximando, o que o fez correr de costas e tropeçar na quadra. Instintivamente, ele apoiou o braço no chão para diminuir o impacto da queda. Porém, isso fez com que o seu pulso quebrasse.

De acordo com a pediatra Priscila Pires, a fratura de punho é uma das mais comuns entre as crianças, principalmente durante práticas esportivas e quedas.

— Os ossos [das crianças] ainda estão finalizando a formação, (…) não é tão bem calcificado e facilita esse tipo de fratura — explica.

Em casos como este, a médica explica que o membro machucado deve ser imobilizado do jeito que ficou após o trauma.

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— Se a criança estiver com muita dor, deformidade ou dormência nas mãos, com dedinhos mais frios, arroxeados, tem que ir direto para o hospital ou chamar a ambulância, dependendo de onde estiver, para poder fazer o atendimento — afirma.

Em situações mais simples, a imobilziação com gesso já é o suficiente para o tratamento. Em casos mais graves, como o caso do menino de Joinville, a criança pode precisar de intervenção cirúrgica.

— O mais importante é que se a criança teve uma queda, [deve-se] realmente levar para uma avaliação médica, para poder radiografar esse membro, porque a criança às vezes também faz fraturas menores e que passam como se não tivesse fratura — comenta.

Além disso, nas situações em que a fratura não é identificada, o osso pode sofrer alguma deformidade por calcificar de maneira errada, caso não seja devidamente imobilizado.

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Mãe questiona procedimento de socorro na escola

Karina Soares Honorato, mãe do menino de 9 anos, entende que a escola errou na forma como conduziu a situação. A direção retirou o menino da quadra de esportes e o deixou deitado em um colchonete, enquanto entrou em contato com Karina.

Em mensagens, compartilhadas com a reportagem do NSC Total, uma profissional da unidade afirmou que o menino “machucou o braço na educação física”, mas disse para a mãe ficar tranquila já que ele estava “bem”.

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Karina ainda perguntou se ele havia quebrado o braço ou estaria com dor. A profissional afirmou: “Não está chorando, está calmo. Fez uma lesão no pulso. Precisa levar no médico.” Alguns minutos depois, a escola questionou: “Mãe, está vindo? Ele está com dor.”

Sem ambulância e indignação

— Eu cheguei lá e o meu filho já estava mais de 50 minutos sofrendo, deitado no chão, branco, branco que é um papel, batendo os queixos. Elas lá abanando ele com a mão, assim, e conversando com ele. Quando eu vi aquela cena, eu surtei. E eu indo para a escola na maior calmaria, porque elas falaram para mim que era para eu ficar tranquila, que ele estava bem — relata a mãe.

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Karina conta que foi informada que o Samu foi acionado para atender a ocorrência. No entanto, não havia uma ambulância disponível.

— Se não tinha ambulância, que mandasse os bombeiros, a polícia. Não prestaram os primeiros socorros, [a escola] não falaram o que tinha acontecido [por mensagem] — diz a mãe.

Karina também questiona sobre a conduta da escola ao explicar a situação por mensagem.

— Ela [a profissional escolar] poderia ter falado: “ah, mãe, chamamos uma ambulância, mas sem sucesso”. Ou: “mãe, eu estou levando para o Infantil, me encontra lá com ele”. O caso dele é grave, é fratura. Se dá uma hemorragia interna, alguma coisa, se pega um nervo, essas coisas tem que ser socorrido rápido — diz.

O que diz a Prefeitura de Joinville

A Secretaria de Educação informou que a unidade escolar, localizada no bairro Jardim Iririú, seguiu o protocolo para esses casos e atendeu prontamente o estudante. A direção acionou o Samu e comunicou os pais sobre o ocorrido.

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“Os pais chegaram à escola antes do Samu e a gestão escolar ligou novamente para o serviço de atendimento médico, sendo informada de que a ambulância estava atendendo outra emergência. Com isso, o Samu orientou que os pais levassem o aluno de carro até o hospital para atendimento médico”, informou a pasta.

O que diz o Samu

Procurado pela reportagem, o Samu informou que, neste caso, não há indicativo para enviar uma Unidade de Suporte Avançado (USA).

A corporação declarou que o serviço deve ser acionado, via 192, em casos de urgência e emergência, quando há risco imediato à vida ou quando o socorro rápido pode evitar complicações graves.

“Este tipo de atendimento evita o agravamento da condição da vítima, minimizando o sofrimento, prevenindo sequelas ou mesmo evitando o óbito, por meio de atendimento e/ou transporte adequado”, declarou a corporação por meio de nota.

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Ainda, a reportagem questionou o motivo pelo qual o Samu não teria repassado a ocorrência aos bombeiros. Segundo a equipe, o Samu funciona na lógica de uma Central de Regulação, “onde o médico é a autoridade sanitária competente para decisão a ser tomada em cada caso, esta decisão pode implicar no envio de recursos ou não. Informações, esclarecimentos, orientação de condutas a serem tomadas por parte do solicitante também fazem parte do ato médico durante a regulação.”

Por fim, afirmou que cada central de emergência pode ter seu protocolo de atendimento de acordo com suas prerrogativas.

Como está o menino

A criança de 9 anos foi levada pelos pais até o Hospital Infantil Dr. Jesser Amarante Faria, em Joinville. O menino foi internado, passou por uma cirurgia ortopédica na terça-feira (18) e recebeu alta médica.