O presidente Lula (PT) está disposto a conversar diretamente com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o tarifaço de 50% anunciado contra produtos brasileiros. Segundo fontes do Palácio do Planalto ouvidas pelo Jornal da Globo, o presidente brasileiro não se opõe ao diálogo, mas avalia que a conversa só ocorrerá se Trump atender pessoalmente a ligação. As informações são do g1.

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O brasileiro se dispôs a ligar para Trump após uma proposta feita por senadores brasileiros para que os dois líderes conversem. No entanto, o clima no Planalto é de pessimismo. A avaliação é de que a Casa Branca só pretende abrir uma negociação após a entrada em vigor das tarifas, em 1º de agosto, como forma de aumentar o poder de barganha.

Segundo fontes do governo, os canais com a Casa Branca estão fechados. Apesar das tentativas de contato com o Departamento de Comércio, o Tesouro e outras áreas da administração norte-americana, o Planalto relata dificuldade de estabelecer uma ponte direta com o núcleo político do governo Trump.

Um interlocutor direto de Lula afirmou que o governo brasileiro rejeita qualquer tentativa de interferência em decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) ou em sistemas como o Pix. Ainda de acordo com o Planalto, há no governo norte-americano um desconforto com o método de pagamento por supostamente afetar a rentabilidade de empresas americanas, incluindo operadoras.

— A soberania não é negociável — disse.

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Negociações com o Brasil

Trump decidiu impor ao Brasil uma taxa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os EUA. É a maior taxa entre todas as anunciadas pelo presidente americano a outros países.

Desde o anúncio das tarifas, o governo brasileiro tem tentado negociações com a Casa Branca, no entanto, segundo afirma o governo, a comunicação está centralizada no presidente americano, o que dificulta o diálogo entre os países.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, desembarcou no último domingo (27) nos EUA e poderá seguir para Washington, caso o governo americano demonstre interesse em discutir alternativas ao tarifaço. Oficialmente, Vieira cumpre agenda na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, com foco na questão palestina.

Segundo apuração da TV Globo/GloboNews, o chanceler indicou que sua presença nos EUA demonstra disposição para o diálogo, mas que só irá a Washington se houver sinal verde do governo americano para retomar as negociações.

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O vice presidente, Geraldo Alckmin (PSDB), tem se reunido com setores produtivos para entender os pleitos de cada indústria e estruturar formas de reverter o tarifaço.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na última quinta-feira (24) que o governo brasileiro preparou uma série de medidas que podem ser acionadas pelo presidente Lula (PT) caso o tarifaço se concretize.

— Nós nunca saímos da mesa de negociação —avaliou Haddad.

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