O que começou como uma tentativa de economizar na entrada da Oktoberfest Blumenau virou, 15 anos depois, uma das maiores marcas de trajes típicos do Brasil. A história da Frida e Cia., criada pelas irmãs Gabriela e Graziela de Andrade, é um dos cases do chamado empreendedorismo familiar. Da máquina de costura da mãe, em Indaial, para o guarda-roupa de milhares de brasileiros apaixonados pela cultura alemã.
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Tudo começou em 2010, quando Gabriela, então com 23 anos, decidiu costurar um vestido para ir à Oktoberfest e não precisar pagar pelo ingresso. A ideia veio de uma amiga, Juliana Cunha, e parecia apenas um truque prático. O que ninguém imaginava é que aquele “vestido de Frida”, improvisado com o que havia em casa, seria o ponto de partida de uma marca consolidada.
— Costurei um vestido para mim, dentro do que eu conseguia. Na época, não sabia pregar um zíper, eu não sabia mexer com tecido plano. E foi aí que aconteceu esse vestido de Frida. A blusinha era costurada num colete com uma saia de malha, que era o que eu tinha de dinheiro — conta Gabriela.
No ano seguinte, vieram as primeiras encomendas. Amigas, vizinhas e conhecidas pediram cópias do modelo. A propaganda boca a boca fez o resto, tanto que as encomendas começaram a sair do controle e a irmã mais nova, Graziela, entrou no negócio para ajudar com as costuras. Foram cerca de 30 vestidos vendidos para amigas e conhecidas. Em 2012, as duas e a mãe, Dulce, juntaram dinheiro e decidiram investir na produção de vestidos para a Oktoberfest.
— Nessa época, a gente passava por muita dificuldade financeira. Minha mãe tinha recém-separado e o serviço de facção era difícil. A gente estava num momento bem desafiador da nossa vida, se reestruturando como família. E chegou setembro que falei para elas: “Vamos fazer uns vestidos de Frida esse ano e tentar vender?” E a gente juntou o que a gente tinha de dinheiro e fizemos cinco vestidos — lembra.
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Com apoio dos vizinhos Juli Harbs e Jaison Catafesta, que criaram a logomarca sem cobrar nada, e o fotógrafo Ricardo, que trocou um ensaio por um vestido de presente à irmã, nasceu oficialmente a Frida e Cia. O nome, escolhido por Gabriela, virou sinônimo de estilo típico com sotaque brasileiro.
Confira como está o Frida e Cia. hoje
De Indaial para o país inteiro
A marca cresceu na base do improviso, mas com método. De segunda a quinta-feira, a família se dedicava à costura para outras empresas. As sextas e sábados eram reservados à Frida e Cia., em que cortavam, talhavam, viravam noites costurando e, aos fins de semana, abriam as portas da própria casa para vender. Em 2014, as redes sociais, que ainda engatinhavam na época, se tornaram vitrine para os trajes típicos.
O negócio se profissionalizou aos poucos. Em 2017, o volume de pedidos permitiu que a família deixasse de lado a facção e se dedicasse exclusivamente à marca. Apesar do crescimento constante até 2019, a pandemia interrompeu as vendas. Durante 2020 e 2021, as irmãs voltaram a confeccionar para conseguir se sustentar. A retomada veio com força total em 2022, quando o estoque acabou antes mesmo da metade de outubro. No ano seguinte, o reconhecimento se consolidou.
A marca começou com vestidos, mas logo percebeu a demanda por trajes masculinos e infantis. Hoje, vende roupas e acessórios para toda a família. Os trajes são inspirados na tradição germânica, mas adaptados ao clima tropical e à estética contemporânea. O conceito é claro: respeitar a tradição sem abrir mão do conforto e da moda.
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— A gente nunca pensou que poderia chegar aonde estamos hoje, nem quando a gente criou o site. Começamos despretensiosamente e, hoje, a gente percebe que levamos esses produtos de qualidade, esses trajes ultrapassando fronteiras, e ficamos muito feliz por isso. Nós nunca pensamos que poderíamos viver isso — conta.
As peças são todas produzidas de forma artesanal pela própria família e amigos. Somente as meias e chapéus vêm de parceiros externos. Mesmo com a sazonalidade das festas típicas, tendo o pico de vendas nos meses próximos à Oktoberfest Blumenau, o planejamento é meticuloso.
— De agosto a outubro é o período que a gente tem o maior volume de vendas e é esse volume que vai bancar todos os meses do ano e nossa produção. Esse valor vai se transformar em estoque, em tecido, em aviamento. Acaba a Oktoberfest e a gente já começa a produzir para a próxima — elabora Gabriela sobre a produção.
Hoje, a Frida e Cia. atende clientes em todos os estados do país e se tornou referência no setor. Gabriela estima que, somente neste ano, foram vendidas cerca de 8 mil peças, entre trajes e acessórios para a Oktoberfest Blumenau 2025.
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